Recorte: Ana Figueiredo, 2021.04.04

A minha avó né...sempre falava assim, que ela era um barquinho atrás de um transatlântico, né? Que meu vô era essa pessoa tão incrível que ela ia ali tentando seguir, ela sempre foi muito...muito...companheira, né, com ele. Era realmente...é...as reuniões familiares sempre eram entorno da comida né...porque meu avô era...(os Figueiredos todos são, né?) mas o meu avô era muito bom de boca e a minha avó cozinhava muito bem...então...as reuniões sempre eram em volta de uma mesa farta de comida, né...e...isso geralmente era aos domingos na casa do meu avô...que... é... mora...morou, né...um tempo ali no Corte de Cantagalo, mas eu...eu não me lembro muito disso , porque eu era muito pequena e depois aqui na rua Souza Lima, pertinho da onde eu 00:01:00moro hoje, é... em Copacabana. Então eu me lembro mais...dessas reuniões e esses almoços na casa do... aqui de Copacabana, né?

É engraçado assim, eu sempre que eu me lembro disso, que a casa do meu avô ela parecia um museu, né...tinha muita coisa...muito livro... muito ...estantes, objetos, era realmente assim é... (risos) como entrar no museu, né? Cê logo já entrava assim do lado direito tinha uma cabeça do Mário de Andrade, uma escultura do Bruno Jorge que era... não sei que tamanho que tinha, era... uma... pelo menos né, eu sei que é grande... mas para uma criança parecia maior ainda, né? Então a gente entrava, tinha aquela cabeça do Mário de Andrade assim olhando... é... algumas coisas que até um pouco assustavam uma criança, né, como a coleção dele de máscaras, que é tão famosa e tá a grande parte lá ainda na... na UNIRIO né...tinha máscaras de 00:02:00todos os lugares do mundo, por onde ele passava...e tinha algumas que eram bem assustadoras (risos) né...é...e era uma casa que... era assim... era a casa dos meus avós, mas não era uma casa preparada pra uma criança, como talvez hoje em dia né ..seja...que tem protetor de tomada, protetor de quina de mesa, de porta né, essas coisas muito num...não era usadas né...então a gente...eu lembro de brincar com... com a coleção de prata, por exemplo, da minha avó...que ela tinha os negocinhos parecendo caranguejinhos, com... com umas colherinhas e eu a gente brincava com isso né é... brincava com objetos que... que não era, não eram é para uma criança, né?E... E eu me... sempre nessas reuniões tinha música... meu avô eram... escutava muita música 00:03:00clássica então.... Sempre tinha muita música clássica tocando, ele botava um som relativamente alto para a música clássica, né, pra gente sentir... e já desde que chegava ele já tava aperetivando e as pessoas mais velhas também, né... já tavam nos seus aperitivos...no whiskeyzinho, no queijinho...e eram almoços demorados, né? A gente chegava lá... não sei...uns...10... 11h da manhã e tinha aperitivo, mas a gente só ia almoçar umas 2, 3 horas da tarde. E ele tinha um quarto também que era uma biblioteca que foi né... é grande parte dessa biblioteca se tornou.... alguma coisa... grande parte foi doada pra UNIRIO... É... a más... a coleção de máscaras também foi. A UNIRIO para ele era... eu não sei te dizer, a primeira ou a segunda casa, porque realmente era... era mais... com certeza era a menina dos olhos dele, né ...aquela biblioteca era o xodó do meu avô. 

Daí tinha um escritório dele também, né, com aquela mesa e sempre muito jornal... muitas coisas ali... e tinha um outro que era um corredor assim que passava por trás do quarto, ligava o escritório. A...a sala de jantar onde tinham muitos quadros e fotos, né...e... Essas ...as fotos de ...de onde ele dormiu lá em casa... algumas que estão no livro de biografia né... Procópio Ferreira é... Tonia Carrero ...Paulo Autran... estreando no teatro né ...e isso fazia, era isso né, a casa dele era um museu artístico, né?