Partial Transcript: Celi - Confortável, lembrando da minha infância, né?
Alexandra - Claro. Pronto. Quando vocês começarem eu vou só ajustar o...
Celi - Você vai fazendo perguntas, né?
Alexandra – Um pouco, é. A gente vai conversar. É bem, bem tranquilo.
Celi - É.
Alexandra - O que eu não falei: eu sou Alex, Alexandra, eu sou brasileira e americana, moro aqui...
Celi - Eu vi um ligeirinho sotaque, muito pouco, muito pouco.
Alexandra - Nasci lá, estudei lá e o português eu falo desde pequenininha, mas não... o sotaque permanece. É... aí, é isso. Estou aqui há 11 anos, to na Urca há 7. Minha filha eu já te contei, né?
Celi - Aham.
Alexandra – Celi, se você pode só falar seu nome completo, onde a gente está, aí você também...
Celi - Bom, meu nome completo é Celinéia. Ninguém me conhece por Celinéia, tá? Eu sou Celi há tantos anos que quando me chamam de Celinéia eu fico assim: será que sou eu mesmo? (risos). Celinéia Paradela Ferreira, porém, Celi. Pergunta pela Urca ninguém sabe quem é Celinéia, Celi todos sabem, né? Estamos na Urca, na escola NAU, Núcleo de Arte da Urca, na avenida São Sebastião que é a primeira rua do Rio de Janeiro, histórica! É isso. Agora, sou mineira.
Alexandra – Ah, que legal!
Partial Transcript: Celi - Não sou carioca. Eu nasci na cidade de Resplendor, no Vale do Rio Doce, mas de Resplendor eu saí com 4 anos de idade, morei em outras cidades vizinhas mineiras. Meu maior sonho era conhecer o Rio de Janeiro! O mar, poxa! E eu costumo dizer pros jovens, quando eu quero mostrar como a vida é imprevisível, eu conto uma historinha pra eles. Em 1959 eu terminei o ginásio, na cidade de Governador Valadares. Eu era presidente do Grêmio, um professor conseguiu pra nós uma hospedagem aqui no Rio, no INES, no instituto de surdos. O INES ia abrigar a meninada, então viria ele e uma professora com a turma toda conhecer o Rio de Janeiro como presente de formatura. Eu como presidente do Grêmio, fiz um livro de ouro que a gente saiu pelo comércio pedindo dinheiro. Fiz um concurso de canto e poesia. A pessoa pagava pra isso, imagina?! As pessoas pagavam pra ir ver colegiais declamar e cantar, pagavam ingresso. Então, fizemos um concurso pro ingresso, arrecadamos o dinheiro que era suficiente pra todas as passagens dos 30 alunos, teríamos dinheiro pra passagem de ida e volta e teríamos hospedagem, só teríamos que ter algum pra comer, não é?! E o sonho da nossa vida, imagina!
Aí, adivinha o que aconteceu? Minha mãe não me deixou vir, minha mãe disse: Rio de Janeiro é terra de perdição, filha minha não pisa naquela terra! Eu chorei. Isso foi dezembro... de 59, passei 3 dias chorando! Falei pra minha mãe: nunca mais... (olha a minha frase) nunca mais vou ter a oportunidade de conhecer o Rio de Janeiro, essa era a única oportunidade da minha vida. Bom, aí como eu gostava muito de criança, jamais pensei em ser professora, jamais! Era uma coisa que nem me passava pela cabeça, mas enfiaram na cabeça do meu pai que eu deveria fazer um curso de pré-escolar, pra professora de pré-escolar que havia no Bennett. Hoje é educação infantil, naquele tempo chamava pré-escola. Que havia só no Bennett, aqui no Rio. Nos outros só havia curso normal, aqui tinha um especializado em educação pré-escolar. Aí enfiaram na cabeça meu pai que eu tinha que vir estudar interna no Bennett. Aí ele me perguntou: você quer ser professora? Ele dizia: prrrrofessora, eu entendia prrrrrraia... prrrrofessora... prrrraia... pô era tudo que eu “ahhh... sempre quis ser professora...” que nada, eu sempre quis praia!
MOEMA – Você nunca tinha visto praia?
Celi - Nunca, nunca tinha visto o mar, só em fotografia e cinema né? A gente imaginava como devia ser. Então, eu: claro! Sempre quis ser professora, imagina?! Aí gente, em fevereiro, eu vim de 60, eu vim fazer a prova de admissão e passei na prova. Então, ganhei bolsa de estudo porque o colégio é metodista, meu pai era pastor, bolsa integral, vim estudar interna. Então, em dezembro eu disse a frase: nunca mais vou ter outra oportunidade. Em fevereiro eu estava no Rio de Janeiro pra nunca mais voltar pra Minas (risos). Você imagina...?!
Partial Transcript: Alexandra - E que você viu da praia?
Celi - Ah, quando eu vi o mar, nossa mãe! Eu já nasci as margens do Rio Doce que naquela época, nem fale em Rio Doce, eu sou capaz de chorar se eu falar, eu choro, choro mesmo. Era... (emocionada) referência da minha infância. Duas coisas eu tinha gravado na minha memória, no meu sentimento, da minha casa em Valadares: o barulhinho do Rio e o perfume do pé de jasmim que havia na porta...e mataram o meu Rio, mataram. Então, eu já achava o Rio Doce uma coisa imensa, que era naquela época bem largo, né? Quando eu vi o mar, meu Deus! O horizonte, a linha do horizonte lá se encontrando com o mar, né? Uma coisa fantástica! Então, a gente ia à praia ali no, no Leme, porque pegávamos um ônibus no Flamengo sábado, podia sair do internato, pegávamos um ônibus, descia na Princesa Isabel, íamos ali. Foi assim que eu vim parar no Rio. Como eu conheci a Urca? Um dia o colégio tinha ônibus escolar, aí a acompanhante do ônibus não veio, como eu era interna, estava fazendo o curso de professora, a diretora me perguntou: você poderia fazer o favor de hoje acompanhar o ônibus que não tem acompanhante? Pô, tudo que eu queria, passear, imagina, né? Entrei no ônibus e vim. Quando chegou aqui na Urca que entrou na rua... ali... é... Ramon Franco? No final tem a mureta, que eu vi a mureta: meu Deus que coisa linda! Aqui o mar é pertinho da rua! Por que nos outros lugares tem as pistas de carro e tem areia, né? Aqui não! O muro era perto, o bar era quase na casa de... Que maravilha! Aí entrou na Marechal Cantuária, eu digo assim: ah, que pena, era só um pedacinho, mas na volta veio pelo mar e eu fiquei com aquela memória daquele lugar que eu não sabia como chamava, não sabia que chamava Urca, achei lindo! Gente, nunca na minha vida, eu poderia imaginar: A) que eu fosse morar na Urca, B) que eu fosse ser dona de uma escola na Ur... isso, nossa mãe, jamais! Terceiro: que eu viria ter uma certa liderança no bairro e seria presidente da associação de moradores. Nunca! Nunca! A vida é mesmo imprevisível, né? Aí, quando eu... compramos o apartamento aqui, que eu vim morar, que eu dei de cara com a mureta... Ahhhh... é aquele lugar! É aquele que eu vi aquele dia! Foi assim que eu conheci a Urca.
Alexandra – Um sonho realizado, né?
Celi - Pois é! E aqui estou desde 1971.
Partial Transcript: MOEMA – A Baía era limpa naquela época?
Celi - Era!
MOEMA - Você mergulhava aqui nas praias?
Celi - Era outra Baía! Eu ia muito tanto a Praia Vermelha, quanto à Praia do Forte, né, com meus filhos pequenos, eu ia muito as Praias do Forte, que tem a praia de dentro, a praia de dentro e a praia de fora, né? Dentro é dentro da baía. Gente, era um espelho, era uma coisa linda e tranquila porque não tinha onda. Você podia deixar as crianças né... e outra, ali você via seus vizinhos, era tudo gente conhecida, eu ia mais a Praia do Forte do que a Praia Vermelha. Né... era muito, muito limpo. Limpo e lindo, né?! Infelizmente hoje já é outra realidade.
Alexandra – Você sente aquela mesma tristeza em relação a Baía que você sentia, sente?
Celi - Sinto, com certeza! É muito triste você vê, não só a Baía, o entorno. Você vê as calçadas e ruas esburacadas, árvores caindo, morrendo sem poda, sem cuidado, isso aqui é um cartão postal, gente! Aí você vê esse abandono que tá, é muito triste! E a Baía, você vê peixes morrendo, tartarugas marinhas. Ali no quadrado, outro dia, eu vi uma tartaruga marinha, eu disse: meu Deus, que tartaruga guerreira! Como é que ela está no meio desse lixo! Né?! Mas o ano passado, foram recolhidas 4 tartarugas mortas com o estômago cheio de plástico! Que elas confundem com alga, com água viva, né? Eu sei que é muito triste gente, é muito triste! Eu digo que eu nasci num planeta, fui levado pra outro. Eu to em outro planeta agora, sabe? É isso.
Partial Transcript: Celi - E aqui estamos... Há 43 anos com a escola no bairro, né? Já com a segunda geração, com filhos de ex-alunos. Inclu... a Moema, mãe de ex-aluno, eu quase falei ex mãe de aluno, que eu tenho mania de falar ex-mãe... “não, não sou ex-mãe eu ainda sou mãe!” (risos) Mãe de ex-alunos que chegou e começou a participar muito da vida da escola. Como ela é formada em arte, tem toda essa criatividade, ela foi sendo absorvida até virar a nossa coordenadora e nossa consultora, né. Ela nos capacita para o trabalho que fazemos de formação cultural das crianças, visita museus, que a gente faz, é isso.
MOEMA – Celi, e como é a interação das crianças da escola com o bairro? As professoras, eles falam sobre... é... que que tem no bairro, que que eles gostam no bairro? Como é que é?
Celi - Olha, nesse momento a gente faz sim, muita assim, muita alusão ao bairro, a gente conta a história que essa rua foi a primeira do Rio de Janeiro, que a gente tem o Bondinho e tal. Mas, nesse momento, tá sendo mais intensificado, agora, que a gente tá num projeto que é “Quem sou eu, quem é você?”. E esse quem sou eu, quem é você, tá falando do bairro, do que eu vejo da minha janela, que tem a música, né? “Que vejo da minha janela”. O que eu vejo da minha janela daqui, da minha casa, como é o bairro que eu moro, como são as ruas, como é minha casa, como é minha família? Né? Como é... e as famílias hoje são bem diferenciadas, então a gente não mostra modelo de família não. A gente mostra pra eles a diversidade. Tem até uma história, muito engraçada, que na turma de 6 anos, primeiro ano, a professora pediu: desenhe quem mora na sua casa. E se tiver duas casas (que tem duas, as vezes, o pai e a mãe) desenha as duas e quem mora. Aí uma menina de 6 anos, 6, desenhou só uma pessoa. Aí a professora disse assim: é só uma pessoa na sua casa? Ela disse: não, esta sou eu adolescente morando sozinha (risos). A mãe dela riu muito. Morando sozinha, 6 anos já está com essa cabeça. Então nesse momento a gente vai mais ainda conhecer. As vezes a gente faz passeio, por exemplo, lembra você foi junto, não foi? Conhecer ali a captação de água da chuva do edifício?
MOEMA – Sim, claro.
Celi - É, conhecer a captação da água da chuva. A gente vai dar um rolé ali no... no Zona Sul, fazer uma comprinha, que aí tá trabalhando matemática também, né? Que cada um vai fazer o seu troco, ver o que que pode comprar, isso os de 6 anos. Os outros vão levar dinheiro, mas a professora que vai fazendo cálculo com eles, ela que vai falando.
MOEMA - Eles fazem aquela aula do pessoal...dos peixes.
Celi - É, ali naquele, é, ali a gente tem ali na praia, o Ed, que é um mergulhador, que vale a pena você entrevistar, ele mergulha, traz seres marinhos, bota num aquário, mostra, fala sobre ele, sobre o cuidado, as crianças vão muito lá. Já fizeram ali um pouquinho de canoagem, mas na areia, tivemos medo, só entraram na canoa, né, pra ver os, os, os... que praticam canoa havaiana, né? Então é assim.
Alexandra - Eles trabalham muito com criança também.
Celi - É, e falamos muito do mar, da importância de preservar o mar e a Baía, né?
Alexandra - Então já começa cedo.
Celi - Com certeza! E eles são xiitas! Chegou aqui uma estagiária com canudinho, tomando uma coisa no canudinho, uma criança falou assim: olha, ela toma coisa no canudinho! Aí vieram todas em cima dela, assim na parede: você sabia que mata os peixes? Você sabia que polui o mar? Você sabia que a tartaruga morre? Você sabia...? E ela assim: ai desculpa, desculpa, eu não vou mais tomar (risos). Eles são muito, eles são até, como eu to dizendo, são até xiitas. Eles têm plena consciência, são muito mesmo. Ali nos combinados, tem na parede, eu vou te mostrar, os combinados da turma da Flávia, duas vezes sai alusão... combinado, são as regras da turma, que eles fazem, o que pode fazer e o que não pode na escola. Porque a disciplina é feita assim, construída com eles, eles é que ditam as regras, tá? De convivência, de cuidado com o outro, né, com o entorno. Duas vezes eles falam na natureza: pode cuidar da natureza, não sei o que. E às vezes, é, uma vez, Sirlei estava cortando os galhos ali daquela árvore, que estava caindo, eles correram: Sirlei tá matando a natureza! (risos). Sirlei é o motorista! Eles plantam horta, né?
Alexandra – Ótimo!
Celi - E o que eles plantam e cuidam, porque cada dia uma turma que cuida da horta, o que eles plantam e cuidam, eles comem! Comeram até farofa de couve, que as mães não acreditaram. Falei ó, olha aqui a foto seu filho comendo. Farofa de couve. Porque era couve plantada por eles, né?
Alexandra – Claro, muito legal! Como é que, eu tenho duas perguntas, uma é sobre a cultura do bairro. Que que você está mostrando da cultura e a história do bairro, que você sabe?
Celi - Pois é, o que eu quero, já fui com eles, quero voltar, é ali no Instituto Cravo Albin. Que aqui no, é outro que tem que ouvir história dele, aqui no final dessa rua o Instituto Cravo Albin, ele é uma referência em música popular brasileira, ele é verbete de livros sobre música. Porque o maior conhecedor que tem de música, ele tem um acervo ali... de, do tempo do rádio que é incrível, de disco de gravação, entendeu? Ele até doou tudo para o município em vida ele está ali, mas ao morrer será do município. Ele tem peças do, de uma televisão que funcionava aqui, né, tem ali alguns equipamentos dessa televisão. Então, a gente já foi lá com ele. Outro que a gente já foi várias vezes aqui nessa rua, tem... Casa Benet Domingo, que são artistas, uma até foi nossa aluna, artistas plásticos, né? Então a gente já foi também.
Alexandra - Vocês frequentam o museu dos dinossauros?
Celi - Ah, com certeza! Eu esqueci desse, com certeza! A gente vai também lá, eles adoram... o museu da terra, de ciência da Terra, né. É, tem as pedras também do Brasil, a gente vê muito isso e eles ficam fascinados com dinossauro. Tem também no limite do bairro, museu da ciência né, da casa da ciência da UFRJ onde eles vão muito também.
MOEMA - Tem a biblioteca também.
Celi - Ah, a biblioteca da UNIRIO. Pô, ainda bem que você está aí pra me lembrar, hoje mesmo eles estão indo à biblioteca, a turma da... da... de 2 anos, tá indo lá. BIJU, biblioteca infanto juvenil da UNIRIO, é assim, extensão da nossa escola, a gente vai com muita frequência lá.
Partial Transcript: Alexandra – Nós no Instituto, estamos querendo, estamos pensando, sondando como parceiros possíveis do bairro, a possibilidade de adotar aquela praça.
Celi - Qual delas?
Alexandra – É, a de Guilherme Figueiredo.
Celi - Pois é!
Alexandra - Em frente da biblioteca, porque tá realmente abandonado.
Celi - Eu acho ótimo! Deixa eu te contar a história dessa praça. Tem anos e anos e anos que a nossa associação, eu fui presidente 3 vezes, agora eu sou do Conselho, desde a minha primeira gestão que a gente tá lutando pra restaurar aquela praça. Aí o que acontece, o que que nós já caminhamos, que é que nós já conseguimos? Conseguimos que o IRPH, Instituto Ripa Patrimônio da Humanidade, gora eu não me lembro, se foi o IRPH ou se foi o IPHAN, um dos dois, que a praça é tombada, né? Um dos dois fez ali um projeto pra revitalizar a praça, voltar ao que era. E a ANP, do petróleo, eles ocupam uma parte... conhece a CPRM, né? Onde tá o museu. A ANP ocupa uma parte ali, eu nem sabia disso, eu descobri por causa da praça e eles vão financiar.
Alexandra – Ah, que legal!
Celi - Vão, só que é um processo. Agora é que assinaram contrato, mas o que vão fazer é apenas restaurar os canteiros, etc., ver as luminárias. Infelizmente os moradores em situação de rua que estão ali, quebram as lâmpadas pra dormir no escuro e você tem que deixar aqueles postes pequenininho, porque é tombado. O que a gente conseguiu com a prefeitura foi ao redor da praça, porque na praça não pode ter nenhuma intervenção, botar aquelas luminárias bem altas onde eles não alcançam, sobre a praça, mas as da praça, não tem jeito... é quantas botar, quantas vão quebrar.
MOEMA - E você acredita que se houverem algumas propostas de cultura, tipo encontros pra discutir, sobre literatura, juntando com a biblioteca, você acha que...
Celi - Já houve ali algumas coisas da UNIRIO, né? Só que eles fazem shows muito barulhentos, aí incomoda os vizinhos, os vizinhos não querem, porque vão pela madrugada, com aquele som altíssimo, às vezes música eletrônica, né? Então, os vizinhos ficam arrepiados quando fala em qualquer atividade ali cultural, a não ser que fosse dia, de dia seria muito bem. Que a gente pensou, botar um parquinho infantil, mas não pode botar fixo, tem que ser uma coisa móvel, porque a praça é tombada. Mas a gente pensou até em botar um parquinho com o tema dinossauro que as crianças que fossem vê lá... a...a... os dinossauros, né? Viriam, completariam na praça e já teria uma circulação. E também pensamos em botar foodtruck ali a noite, né? Porque estudantes mesmo, outras pessoas iam comer e já fazia um certo movimento ao redor da praça. Estamos esperando a revitalização. Gostaríamos de fechar a praça, é impossível. Ainda ontem nós tivemos uma reunião, tinha umas pessoas do IRPH, mas pra falar do quadrado, da praça do quadrado que é uma tragédia também. Nós tivemos uma reunião pra falar dessa praça e o nosso atual presidente da... da associação, Pedro Ferraz, perguntou mais uma vez, eu já sabia a resposta, mas ele insistiu “a gente, não pode cercar aquela praça?” Disse: “De jeito nenhum!”. Aí disse que até tiraram, eu não sabia, tiraram a cerca ao redor da Praça da República. Olha que horror! Aí a tal história: ideologicamente eles estão certos, porque o espaço público é pra ser aberto aos moradores sempre, esse é o princípio, porém morador que vai lá na calada da noite, não tá bem intencionado não. É pra fazer bandália, pra incomodar, pra sujar, né? Então, gostaríamos de cercá-la para à noite fechar. Você vê, o Instituto Benjamin Constant, que está ali do lado, né? Poxa, que coisa linda, foi feita por Pedro II, sabia? Dom Pedro II! Que maravilha, que homem de visão gente... naquela época ele pensar em fazer um colégio pra cegos, imagina?! O que é que acontecia, aquele gramado que tem volta era banheiro público. As pessoas subiam ali pra urinar e defecar. Então, aquele cheiro ia pras salas de aula. Eles ó: shiiiuuu, anos pra conseguir cercar, porque é tombado, né? Com muito custo conseguiram cercar, acabou o problema. Então, tá bom, cidadão tem direito de ir e vir, tem direito de entrar nos lugares públicos, mas sabe, à noite a gente gostaria de fechar. Vamos ver o que vai acontecer depois, mas é bom saber disso que vocês podem entrar depois com alguma outra parceria, né?
Alexandra – É, nós, nós estamos pensando que o que a gente poderia fazer é quando conectar com todos seus instituições, em torno que teria um interesse de ver essa praça...
Celi - total interesse...
Alexandra - aberta e aqui se fazem um compromisso: amigos da praça.
Celi - Uhum, aí seria fantástico!
Alexandra - um grupo que poderiam investir não só recursos, mas programação e que a programação seria respeitoso, a gente faria todo o trabalho de entrevistar e ver, né?
Celi - Ah, nossa! Isso é... esse é o nosso sonho de consumo. Você poderia ir à Associação de Moradores fazer essa proposta, numa próxima reunião.
Alexandra – Sim, posso, posso.
Celi - Vai ser, eu tenho o contato de todos ali, a gente quando faz alguma reunião...
Alexandra – Tem uma questão de adoção próprio, junto com a cidade e se algum, outra instituição ou Associação de Moradores queria fazer isso.
Celi - Olha, não. Seria ótimo se vocês pudessem, porém ali tem uma encrenca, ninguém sabe de quem é aquela praça... aliás, ninguém sabia nem o nome dela, hein! Chamava de Medalha Milagrosa, que não tem nada a ver, aí a gente foi, com muito custo, a gente foi resgatando junto com a prefeitura, a própria prefeitura não sabia, até saber que é Guilherme de Figueiredo. Então, agora ela era da União, era terreno da União e tanto a UNIRIO, quanto a CPRM, dizem que foi doado pra eles, uma parte pra uma, pela União, mas cadê os papéis? Eles não mostram os papéis. Então, ninguém sabe a quem pertence, se é do município mesmo, se acabou sendo do município, se é da União, se é da CPRM, se é da UFRJ, da UNIRIO, ninguém sabe, né? Tivemos uma vitória agora que a UNIRIO resolveu tirar os ônibus de lá, não sei se já tirou!
MOEMA – Aqui não.
Celi - Mas eles disseram que eles têm espaço lá dentro. Mas como estava havendo vandalismo nos ônibus e também servindo de banheiro, entendeu? Ali tem tráfico de drogas, então eles falaram que ia botar os ônibus. Mas essa sua proposta..., mas seria perfeita! Quando a gente faz reunião ali a gente chama CPRM, a LP, é... UNIRIO...
Partial Transcript: Alexandra - a escola britânica.
Celi - Não. Eu vou te falar da Escola Britânica, nunca chamamos! A...Bondinho e a prefeitura militar.
Celi - A escola britânica é muito fechada, nunca quis participar de nada. Eu como presidente, quando era presidente, fui lá... fui recebida por uma administradora, nem foi pela direção, por alguém lá da administração, não mostraram interesse, nem me lembro qual foi a proposta que eu levei, mas não mostraram interesse nenhum, assim como nada fazem pelo quadrado também, que eles usam o quadrado, a gente quer obrigá-los a usar... obrigá-los é ótimo né?! (risos) Bom, maravilha...
MOEMA - Conscientizá-los...
Celi - Conscientiza-los da necessidade de investir no quadrado, que o quadrado eles usam, atrás deles, tá? Então, ontem mesmo falamos disso novamente, mas as primeiras reuniões nós chamamos, nunca apareceram, nunca deram satisfação, esquecemos da escola britânica.
Alexandra – Então, o presidente atual está saindo e outro vai entrar.
Celi - É?
Alexandra - o atual é muito aberto.
Celi - Pode ser que tem... o atual? Aberto?
Alexandra – É, bem, a certas coisas...
Celi - Ah, bom.
Alexandra - Eles têm um projeto lá que a minha filha até participou, que é bem legal, chamado a arte transforma, onde eles chamam...é, eles doam. Simplesmente doam o espaço da escola pra um grupo que traz 190 crianças das comunidades pra fazer teatro é... música e dança.
Celi - É, isso é o máximo!
Alexandra – É lindo!
Celi - Não, isso, olha...
Alexandra - Fazem uma performance, mas não tem espaço para convidar outros, então, sendo 190 crianças cada um pode trazer uma pessoa pra ver o espetáculo, mas aí...
Celi - Não, mas isso é fantástico! Eu conheço esse projeto deles. Inclusive eles trouxeram, deram oportunidade pra um grupo do CEFET de Itaguaí. Você sabe dessa história? Ficaram hospedados aqui na minha escola. E eles passavam o dia lá, tá, tinham toda alimentação. Tinha tudo! Foi realmente, eu aplaudo essa iniciativa deles é muito bacana e aqui na minha escola eles dormiam. Tomavam banho, dormiam e iam pra lá. E era bom porque é perto, né? Eles iam a pé. Então, eu achei muito bacana esse projeto.
Alexandra – Eu tava falando com a segurança de lá que diz sobre a praça. Eles disseram que é...6 anos atrás as mães levavam os filhos, até a praça, direto...encontravam, guardavam os filhos na praça e tal, então usavam...
Celi - Pois é! Se revitalizar isso pode acontecer de novo!
Alexandra - Pode ser do interesse deles...
Celi - Vai ser bom!
Alexandra - Eles já contratam segurança.
Celi - Mas eles já usam a outra praça ali já não ligam, a de trás. Entendeu? Pode ser, né? Quem sabe por intermédio de vocês eles se abram mais do que se abriram para associação? Pra associação eles sempre foram fechados.
Partial Transcript: Alexandra - Eu queria, eu sei que a gente acaba, você tem muitas histórias, eu queria voltar outras vezes, porque, é... não vai dar pra... e você tem um jeito lindo de contar as histórias!
Celi - Imagina!
Alexandra - E aí dá para ver que você é uma contadora de histórias.
Celi - É, porque quando eu era pequena, nós éramos 8 irmãos e eu a mais velha. Então eu digo que eu fui “irmãe”. E uma das minhas funções era contar história pra eles dormirem, não tinha televisão, não existia. Então era contar história e essas histórias que eu contava pra eles, eu conto hoje aqui para as crianças e eu fui muito feliz porque meu pai me contava as histórias bíblicas, aquelas histórias heroicas, Sansão e Dalila, né? Daniel na cova dos leões, José do Egito, todas heroicas, todas de superação, de coragem, de fé. Minha mãe, minha avó, me contavam contos de fadas, que era maravilhoso. Meu avô histórias folclóricas, histórias de Pedro Malasartes, de pai João e mãe Maria. Então, eu tinha um repertório, né? Isso foi uma coisa muito feliz da minha infância e hoje eu replico com eles.
Alexandra – Então, seu pai foi o contador de histórias?
Celi - Também! Todos eles.
Alexandra – É, cê lembra por acaso a primeira história que você ouviu? E se foi do seu pai ou de outra pessoa?
Celi - Ih, cê sabe que eu não me lembro. Não me lembro.
Alexandra – Tem uma....
Celi - Do meu pai a preferida era José do Egito, nossa!
MOEMA – Linda essa história!
Celi - Linda, né? Foi vendido como escravo, “cê” conhece essa história? É linda!
Alexandra – Conheço, mas pode contar.
Celi - Não, é muito longa, ele superou, ele acreditou e ele venceu e ainda salvou o povo dele, né? O povo escolhido! Salvou da fome. E ele disse, meu pai, tinha a lição, né, ele disse que Deus tinha um propósito quando ele foi vendido pra lá. Então, eu aprendi muito cedo que muitas coisas que a gente acha negativa na nossa vida tem um propósito que você vai ver lá na frente, né? Com essas histórias bíblicas. Com as histórias de fada, eu aprendi que há coisas que nos ajudam, de acordo com as nossas boas intenções. Com as histórias folclóricas eu aprendi a nossa cultura, né? É isso.
Alexandra - As histórias têm esse papel.
Celi - Muito importante.
Partial Transcript: Alexandra - Conta um pouquinho mais como você inaugurou a escola.
Celi - Então, a escola foi inaugurada pela Lúcia Coelho, que era uma pessoa fantástica! Ela inaugurou o núcleo de arte, com vários cursos de arte, ela tinha sido minha professora no Bennett, ela deu minha primeira formação profissional, foi essa que eu já falei, professora pré-escola, e a Lúcia dava teatro na educação, importância do teatro e eu tive uma sintonia muito grande com ela. Ali já fizemos amizade, vim morar na Urca. Ela fez essa escola, essa escola não, Lúcia jamais pensou em fazer escola, Lúcia queria o núcleo de arte. E ela era dramaturga, fazia peças infantis maravilhosas, todas premiadas, até prêmio Moliére ela ganhou. Todas as peças dela eram premiadas, lindas! Então, era uma escola principalmente de teatro, como hoje é a CAL, né!? E outros cursos juntos.
Alexandra – Ela morava aqui no bairro?
Celi - Não. Ela tinha sido criada na casa, aqui na Cândido Gaffrée, 111. Ela tinha nascido e sido criada naquela casa, mas morava em Ipanema no momento. Aí, ela fez na casa que era de herança dela e dos irmãos, né e me chamou para trabalhar com ela. Eu vim até para inauguração, ajudei a arrumar, ajudei a fazer tudo pra inauguração, mas eu disse: Lúcia eu não tenho nada a ver com o curso de arte. Agora, meu sonho, era fazer um projeto pedagógico na pré-escola com fio condutor pela arte. Porque eu tinha recém terminado pedagogia e tinha me encantado com texto da Nise da Silveira, mulher fantástica, que ela disse que a pedagogia era fragmentada. Porque ela só formava a mente. E que o homem, segundo Jung tinha pensamento, sentimento, sensação e intuição que a escola não abrangia esses 4, principalmente a intuição, que só a arte atinge a intuição, só a arte que chega ao intuitivo. Aí eu falei: pô... essa vai ser a minha praia, né? É o que eu quero. Aí comecei, a Lúcia disse: ah, não, mas eu não quero escola. Eu falei: Tá bom. Isso foi novembro quando ela fundou, em janeiro ela fez, janeiro de 72... não, 77... ela fez a primeira colônia de férias, que nós temos até hoje a colônia de férias, chamava Arte Verão, que chamava. E algumas mães quiseram continuar, ela me chamou... ela disse: olha, quando... eu só tenho 8 crianças por enquanto, quando eu tiver mais criança eu vou te contratar. Eu trabalhava em outro lugar. Mas trabalhava alguns dias da semana, coordenava também uma creche pra crianças de baixa renda. Aí eu disse assim: não, eu quero ir agora. “Não, mas eu não tenho dinheiro”. Eu falei: e daí? Eu vou como voluntária. Porque eu quero formar esse projeto desde o início, né? Aí vim fiquei de voluntária, eu vim aqui, ia lá de manhã e vinha aqui à tarde, na outra creche eu fazia ao contrário. E a gente foi procurando literatura, que tinha muito pouca na época, tinha o Vitor (?), né, mas falava sobre a arte em si, não sobre a arte no...
MOEMA - é sobre desenho...
Celi - Desenho, é, não a arte com currículo. De Mariana, Maria Helena Novaes, tinha um livro de psicologia que ela falava da importância da criatividade, a gente procurava e não achava muito, hoje tem, eu não conhecia Ana Mae Barbosa, por exemplo, né? Então a gente ficava buscando pessoas, aí conheci Heloísa Marinho, a grande mestra... porque eu ficava assim: mas como que você vai buscar criatividade... e a criança como autor de seu processo dentro de um, da leitura escrita, por exemplo, né? Aí conheci Heloísa Marinho, como método natural de alfabetização e Heloísa era o máximo! Era contra qualquer... esses desenhos assim: liga o coelhinho a cenourinha ligue... Ela dizia: gente, pelo amor de Deus. Isso é pra fazer movimento? Dá um lápis que ela vai fazer todos os movimentos. Ela vai fazer um telhado, vai fazer assim do telhado, ela vai fazer uma árvore, vai fazer, ela vai fazer os movimentos com lápis. Dá massinha, ela tá trabalhando... a... a motricidade fina. E começa com a palavra que seja significativa pra ela, ela que escolhe a palavra que ela quer aprender a ler e escrever. Não dá exercício pronto. Aí ponto, eu falei: oh maravilha... Então a gente foi construindo. E como eu já falei, Moema chegou de mãe, começou a contribuir, vem Moema para cá! E aí trouxe uma contribuição, trouxe seu saber. Lúcia, Lúcia era super criativa, enquanto ela foi viva esteve conosco, depois ela se afastou, aí quando... eu esqueci de contar esse pedaço... o núcleo de arte morreu, faliu, acabaram os cursos, Lúcia só fazia teatro. Aí ela me vendeu a escola falida e foi fazer teatro só, só teatro profissional. Mas quando Lúcia se afastou, veio a Moema nos dá suporte né, que nos faltava e é um projeto que a gente ainda está construindo, eu digo quando estiver pronto, morreu a escola. Porque você tem que estar em busca sempre, né, sempre... a linha do horizonte que eu vi no mar quando eu cheguei aqui, é o seu projeto de educação, você quer chegar lá. Você vai buscando uma forma, né? Hoje a gente tem muitos passeios culturais, as crianças sabem apreciar arte, nós falamos da... da biblioteca né, da UNIRIO, a gente vai nessa, vai na Machado de Assis, íamos a casa de leitura...
MOEMA - Uma vez por semana as crianças...
Celi - Toda semana tem passeio...
MOEMA - lado externo da escola, tanto pra ver paisagem, brincar nos parques, vários né... aqui mesmo da redondeza, é em Botafogo, lá em Ruy Barbosa e tudo, como também museus.
Celi - Daí o propósito é formar um olhar sensível pra a natureza e o olhar sensível pra arte né? Então, tem uma menina aqui, a Lorena, terminou o ano passado, a mãe em Paris com ela falou assim: hoje a gente vai conhecer a torre Eiffel; ela disse: não, quero conhecer uma biblioteca (risos). A mãe: mas Lorena, nunca vi uma pessoa vir a Paris pra ir a uma biblioteca. “ah, eu não conheço biblioteca em Paris”. A mãe teve que procurar uma biblioteca com ela, você imagina? Isso é um feedback, quantas vezes, né Moema, a gente vai, que você às vezes vai com a professora e ajuda e a criança quer voltar com a família e a criança explica pra família o que ela ouviu aqui. Eu me lembro tanto do Pedro Henrique, com a mãe, disse que tava lá, todo mundo olhando Monet, você tinha explicado umas coisas pra eles e ele assim com a mãe dele, falando bem alto, 4 anos, 5 anos, todo mundo em volta, e ele falando: mamãe, olha aqui esses quadros de Monet... agora olha aqueles ali... está achando a tinta um pouco diferente? A cor, o brilho... a mãe: tô. Sabe por que mamãe? Aqui, uma fase em que ele já não estava enxergando bem, por isso... aí todo mundo: essa criança é um gênio! (risos) A mãe: não, é a escola dele. Porque ali, você, pela arte, você... puxa vida... tinha razão a Nise da Silveira, você atinge o intuitivo, você aprende a lidar com as diversas representações, não é? Não existe uma representação da vida., do seu jeito de ser estar, você aprende a diversidade, tudo a Nise educa através da arte! É isso.
Alexandra - Os seus alunos vão pra onde? Eles fazem o que?
Celi - Pois é, quando eles saem daqui, tem algumas escolas que a gente indica, mas eles vão pra outras também que nem tem um projeto parecido com o nosso e se dão bem. As primeiras crianças que estudavam aqui, os pais diziam: ah, imagina, uma escola que só faz arte, só brinca, não tem conteúdo. Mas eles, os primeiros que terminaram aqui, que foram até alfabetização, que eram poucos que iam, quando chegava o ensino fundamental, arrebentavam! Eles escrevem muito bem, se eu te mostrar uma redação, você não acredita que é de primeiro ano. Porque a gente atualmente trabalha com pesquisa, com método natural ainda, muita coisa é do método natural, mas o nosso... a gente tem o referencial da pesquisa de Emilia Ferreiro da construção da escrita. Então a criança escreve espontaneamente, não se corrige, ela tem que sentir competente pra escrever. Você corrige indiretamente, mostrando um texto, mostrando como se, né, fazendo um... aquelas brincadeiras de bingo de letra, de uma palavra que ela errou, fazendo um jogo da forca, mas não corrige: tá errado! Olha, eu dava curso de pós-graduação de, de... didática. Uma vez na, em sala, eu falando dessa pesquisa de Emília Ferreiro, sobre a criança ser capaz de aventar hipóteses sobre a escrita, desde que você dê condições e de você, a importância de você não intervir, não reprimir. Uma aluna, que já era professora há anos, lágrimas rolaram... E ela me disse: professora, eu agora estou entendendo porque que eu tenho tanta dificuldade pra escrever. Porque eu me lembro da minha professora com a caneta vermelha: tá errado menina, escreve direito menina. Ela tem que sentir que escrever... né... é natural, é uma coisa simples... não pode ser uma coisa que: eu não sou capaz de. Quanta gente não é capaz de... escrever um projeto, escrever um relatório, né? E são pessoas que têm capacidade, mas foram muitas vezes reprimidas ao escrever, quem sabe, né? Quantas pessoas me perguntaram, quando eu fiz mestrado, quem escreveu minha dissertação, eu falei: gente pelo amor de Deus, eu escrevi! “Foi você mesma?” Você imagina?
Nossos alunos não têm medo de escrever. E fazem matemática também, cálculos muito bem, porque... a gente trabalha com jogos, com o lúdico pra depois quando estiver no primeiro ano passar por... tem um livro de matemática muito bom...que é muito assim, dentro do pensamento lógico, não é coisa de regrinha. Mas antes de passar para o livro, eles brincam com os jogos para entender o conceito. Né? Antes de passar para lá... então ele sai muito bem.
MOEMA – Celi, você sente alguma diferença das crianças de agora, 2020, 2019 né, porque a gente ainda tá... pra início...quando você começou a educação infantil, as conversas, as preocupações...
Celi - Eu sinto muito...
MOEMA – Você acha que essa mudança...
Celi - Eu sinto e sinto às vezes com certo pesar, que eu acho que as crianças atuais, não são poupadas como os nossos eram, antigamente. As crianças, do início, ela se preocupava com o mundinho delas, com a vida delas, com o entorno, com a natureza, com as histórias, né? Hoje as crianças estão sabendo das guerras, das tragédias, infelizmente. Então, às vezes trazem essa preocupação, trazem essa angústia. Né? Por outro lado, a expertises delas com coisas eletrônicas, é uma coisa impressionante, né? Elas pegam e dominam. Você pega um... um celular que você nunca pegou, se espera aí, como é que funciona esse, que o meu é diferente... elas não, elas pegam na mesma hora, elas já decodificam aquilo.
MOEMA - Deixou ela trazer o computador pra escola, celular?
Celi - Não, não, não, nada, nada, graças a Deus! Porque tudo tem a sua hora, né? Aqui é lugar de brincar, de explorar sucata, de cuidar das plantas, de correr, de resgatar as brincadeiras tradicionais.
Alexandra – Isso é uma posição da escola?
Celi - Da escola. A gente defende o direito de brincar. Que as crianças não têm mais direito de brincar, né?
Partial Transcript: Alexandra – Eu estava te ouvindo e pensando: poxa, não sei nem como... é... colocar isso, mas eu tô vendo uma pessoa, eu imagino que você tenha doutorado.
Celi - Não, doutorado não, parei no mestrado, eu digo brincando que doutorado eu deixei pra a próxima encarnação. (risos) porque é... até de recomendaram, na minha dissertação, recomendaram que eu deveria aprofundar no doutorado, mas acabei não fazendo.
Alexandra - Mas eu vejo uma estudiosa, né?
Celi - Sim, com certeza.
Alexandra - de um lado e a aquela menina que gosta da praia. Só através da praia.
Celi - (risos) Professora, prrraia.
Alexandra – Você virou professora prrraia.
Celi - Hoje eu não saberia fazer outra coisa. Hoje eu vejo que ser professora tá no meu sangue. Você vê como é que a vida é? Me levou certinho pro que eu deveria ser. Eu seria muito infeliz com qualquer outra coisa que eu fosse fazer. Sabe? Isso aqui é minha vida! Educação pra mim é tudo! então eu digo brincando, quando eu falo da escola, que eu me empolgo, eu digo assim: eu tenho 2 assuntos preferidos, falei muito do primeiro, quer que eu falo do segundo? O segundo são meus netos, se quiser eu falo dos meus netos, eu digo brincando. Né? Então, educação pra mim, sabe? Agora, o que me entristece é ver que a gente não caminhou nada em termos de propiciar uma educação de qualidade para todos. Tá? Quando você vê os pioneiros da escola nova, Anísio Teixeira pra mim meu Deus, o próprio Paulo Freire cita Anísio Teixeira e diz que foi um dos grandes da vida dele. Anísio Teixeira, que homem idealista! Ele mobilizou ele e outros né? Ele foi um dos líderes do movimento dos pioneiros da escola nova... botou a sociedade discutindo a educação e a importância da educação, não só como democratização do saber e pra propiciar o acesso das massas né, como também para o desenvolvimento do país. E não caminhou nada. Não há escolas públicas de boa qualidade para todos, não há vaga! As pessoas ficam na fila né, não conseguem, não há investimento, pelo contrário, atualmente então, está aí vendo um desmonte das universidades públicas, estão sendo caluniadas com fakenews, desprestigiadas, a escola que a UFRJ, onde eu fiz o mestrado, atrás dela estão querendo privatizar uma parte grande ali pra construir prédios, entendeu? É muito triste, muito triste!
Partial Transcript: Alexandra – É, eu quero saber dos seus netos.
Celi - (risos) É brincadeira, né? Bom, meus netos, eu digo que a diferença de idade entre o mais velho e o mais novo é zero. Por que? Porque o mais velho tem 30, o mais novo tem 3, é só botar um 0, né? Então, eu tenho 7 netos, mas tenho 3 que viraram netos porque são sobrinhos, mas como eu fui “irmãe”, cuidei dos... da Cibele, que é minha coordenadora aqui, que tem 2 filhos, inclusive ela foi morar comigo, quando moça, ela se casou na minha casa, os filhos nasceram na minha casa, fez resguardo lá, né, estudaram aqui, é mesma coisa o Clóvis com a Débora que hoje já tá com 19 anos. A Débora...
MOEMA – A filha dela também trabalha na escola.
Celi - Trabalha. E a Débora é... também me chama de avó: Vovó! Assim como os filhos, porque meus, eu já tinha 2 netos mais velhos que esses 3, quando eles nasceram. Vovó pra cá, Vovó pra lá, eu era muito mais mãe do que eles, né? Deles eu era muito mais mãe, dos, desses dois irmãos do que irmã, então virei avó desses 3, portanto eu digo que eu tenho 10 netos, mas na verdade são 7, mas esses viraram netos também, né. E ai, se falar com eles que eu não sou avó, brigam. 4, tem 2 que trabalha no INEA, o Felipe e o Tiago, por acaso, por mero acaso trabalham no INEA, um trabalha no jurídico, outro trabalha na parte de pesquisa de meio ambiente, né? Tem um que trabalha com... é... essa coisa hoje... eu lembro de uma história de um... palestrante dizendo que ele era assistente social e ele dizia assim: e pra explicar pra minha vó que que é assistente social? Hoje eu sinto a mesma coisa: pra explicar para mim o que que é do trabalho do meu neto? Não sei, é um negócio de computador, não é marketing, mas é a qualquer coisa ligada a jogos, não sei o que, esse é o Gabriel. Né? Tem a Débora que tá fazendo a mesma coisa que o Gabriel, propaganda e marketing, mas quer especializar nessa área de jogos, né, esses são os adultos... a Marina tá fazendo mestrado em Portugal e que faz as nossas mídias, ela faz, tá dando um UP! A gente tem 1000 seguidores.
MOEMA - A Mariana hoje mora no Porto e ela trabalha aqui com a gente, colocando todas as os acontecimentos e relatando para os pais.
Partial Transcript: Celi - Ela faz Instagram, Facebook e atualiza de vez em quando o site, né? A gente manda texto, mas alguns ela faz, a gente manda fotos... menina eu to besta! A gente tem 1000 seguidores, como é que uma escola de 100, tem 1000 seguidores no Instagram, né?
Alexandra – Quando você diz uma escola de 100...?
Celi - 100 alunos.
Alexandra - E quantos professores?
Celi - Olha nós temos... de manhã são 4 turmas, à tarde 6, mas desses, eu to falando de professora regente, dessas 4 turmas da manhã, 3 professoras dobram, ficam à tarde, só tem uma que vai embora. Então, eu tenho às 6 da tarde e mais uma, que só fica de manhã, tá? São 7, mas temos de área complementar o inglês, que através de brincadeira, violão, música, arte, assim, ela falando inglês e comando, música e educação física, então tem mais esses 3, mas contando com a equipe de apoio, que são as estagiárias remuneradas que ajudam as professoras, auxiliares de professores, cozinheiro, motorista, secretária, são 28 pessoas.
MOEMA – Dando o adendo que o motorista também é professor de horta das crianças.
Alexandra – Que legal!
Celi - Ele é que planta a horta.
Alexandra - E vocês estão aqui há quantos anos exatamente?
Celi - 43 anos a escola existe, mas era lá na casa 100, depois é 111, casa 100 é aqui em frente, 111. Depois eles pediram a escola, pediram a... a mãe dela era muito idosa, né e queria vender e tal pra já separar pros filhos, acabou que ela morreu sem vender e não venderam até hoje, hoje virou um lugar de ioga não sei o que. Aí a gente veio pra essa casa que as próprias mães descobriram essa casa aqui.
Alexandra – É, tem outras escolas no bairro, vocês têm alguma conexão com elas? E eu tava lembrando também que outros moradores com quem eu já conversei falaram de uma diretora de escola que eu acho que era da... da... Minas Gerais, não tenho certeza. Que morava na Marechal Cantuária, e que quando ela saiam, porque os jovens saíam pelo bairro e iam pra uma casa depois da outra e as mães não sabia onde elas estavam, mas ela sempre acabavam dentro da casa dessa diretora.
Celi - Ah, é? Não sabia dessa história! Olha que bacana! Aqui tem, olha, escolas privadas, além da NAU, tem a Mary Poppins, que é uma creche, tem o CEURCA ali na Ramon Franco. O CEURCA, primeiro era uma escola Montessoriana chamada Chez L'Enfant, você sabia disso? Aí quando fechou a escola os funcionários e professores abriram essa: CEURCA. Então, no momento são essas 3. Porque havia Hannah Kozak que acabou, as privadas só essa aí...e a escola britânica, até esqueço da escola britânica, tão separada né?
MOEMA – E tem também a Gabriela...
Celi - Não, aí não, não, não. Estou falando das privadas, as privadas são essas 4. As públicas, todas de excelente qualidade, tem a Minas Gerais, a Gabriela Mistral e dentro do Forte a Estácio de Sá, né? Tem o Benjamin Constant que é pra cegos, né? Tem 4 escolas é... militares, também padrão, que é o IME, a ECEME que é a Escola de Comando e Estado-Maior do Exército, né? Tem a ESG que é estudos superiores aqui dentro e tem a escola naval.
MOEMA - Teve um ano que nós, juntos, como tinham dois colaboradores muito incríveis do bairro, que era o marido da Celi e o Zé Cassio que era muito parceiro dele, desses movimentos culturais, então nós fizemos um trabalho lindo, isso foi nos anos... 88, integrando todas as escolas da Urca. Da Urca, nessa época existiam o Chez L'Enfant...
Celi - Isso! E a Hannah.
MOEMA - e a Hannah Kozak. E aí, Não! E ainda existia o Cristo Redentor ainda.
Celi - Ah, o Cristo Redentor.
MOEMA - aí fizemos um trabalho de conscientização da... do cuidado com a Urca, o nome do projeto era Urca Linda e Limpa. Foi lindo!
Celi - A Moema coordenando. A Moema ia nas escolas fazer com as crianças...
MOEMA - Fazendo oficinas de desenho...
Celi - aí fizemos varal de desenho...
MOEMA - umas palestras também e aí depois teve a culminância do projeto lá na Praia Vermelha. Fizemos uma exposição, foi lindo, né!
Celi - A Moema ia nas escolas coordenando esse trabalho. Foi associação de moradores que fez.
Alexandra – Fantástico!
MOEMA – Foi lindo!
Celi - A gente podia recuperar isso, né? Eu tenho, eu tenho contato com todas as diretoras.
MOEMA - Talvez Aninha tenha algum. Porque ela, na época Aninha que era diretora da MURA.
Celi - Da MURA, era presidente, era ela. É, vou perguntar a ela se ela tem.
MOEMA - Trabalho lindo assim que as crianças todas...
Celi - Depois teve um outro, que não fomos nós, foi o IME que fez, quando o Brasil 500 anos. O IME fez uma exposição de trabalhos sobre o Brasil 500 anos de todas as escolas do bairro, foi muito bacana, nós fomos também.
MOEMA - Eu lembro.
Celi - É, a gente participou.
Partial Transcript: Alexandra - Um outro assunto, é... eu to colaborando, o instituto está colaborando, com a UNIRIO agora pra fazer um Congresso em junho.
Celi - Será que é esse?
Alexandra - As Humanidades digitais.
Celi - Ah, eu vi, ainda perguntei, por que que não procuraram associação gente, não procuraram?
Alexandra – Procuramos. É, eu fui... eu, eu encontrei com a Marta Serra.
Celi - Hã? Ela é do Conselho.
Alexandra - Eu falei com Calex e a Aninha e o Guruga está consciente, eu fui a ele individualmente.
Celi - É, o Guruga é o é vice-presidente.
Alexandra – Isso! E o Pedro eu não conheço ainda, mas a gente conversou.
Celi - Nossa, Pedro é maravilhoso, ele viaja muito.
Alexandra - E ele disse que só depois Carnaval, então não deu pra mais.
Celi - Ele viaja muito. Que pena, que pena né...
Alexandra – Não, mas não é uma pena, porque ainda tem tempo. É... a questão é essa, nós queríamos, a UNIRIO, qualquer universidade é meio fechado ao resto do lugar...
Celi - Mais ou menos. Olha só, eu faço parte da CPA, a CPA é Comissão Própria de Avaliação da UNIRIO. Representando a AMOUR, que eles têm que ter uma representação de, de sociedade civil, né? Junto com essa sociedade civil, é porque eu também estou no conselho de segurança do batalhão, lá a gente é chamado de sociedade civil, na UNIRIO são chamados de comunidade.
Celi - Então, é... eu tenho reunião lá todo mês e quando vieram os avaliadores do MEC, a gente ficou, eles ficaram muito impressionados com os nossos relatos. Primeiro eu falei da BIJU, a BIJU sempre nos recebe, a biblioteca, tá sempre aberta pra gente. Falei dos, dos seminários lá de educação infantil que eles nos convidam e das estagiárias de lá também e falei da fábrica de cuidados, você sabe da fábrica de cuidados? Pois é. A fábrica de cuidados funciona lá e a ALMA, a Associação da Lauro Muller, é a principal apoiadora. AMOUR também apoia, mas a ALMA que... sabe? Faz tudo, a Muller, aposentado né? Então eles têm curso de teatro, tem vários cursos para a comunidade e esse curso é dado por pessoas da comunidade.
Alexandra - Não tava sabendo.
Celi - Pois é, eu te dou o contato.
Alexandra – Legal. Por favor. É... então eu acho que eu comecei mal, porque aí eu comecei com uma negativa que você tem razão, não é negativo, de fato esse...
Celi - Não é. Eles não são fechados, eles são muito abertos.
Alexandra – ...esse, é... proposta, é... demonstra mais abertura deles na verdade, né?
Celi - Pois é, pois é.
Alexandra - Que é...
Celi - Assim como eu, comecei com uma negativa sobre... cadê meu telefone, você viu? Quero mostrar pra ela. Assim como eu né, comecei com a... com a negativa sobre a escola britânica, no entanto eu aplaudo esse projeto deles. Tá por aqui não tá? Não, depois eu mostro, eu quero mostrar pra ela a fábrica de cuidados, depois eu mostro.
Alexandra – A Moema entrou...é...no Instituto pra falar, pra ajudar, é... com isso também. É... a questão é de como transbordar as paredes da UNIRIO pra trazer as Humanidades digitais e algumas das, da, dos pensamentos e projetos para o bairro e de convidar o bairro para participar nesse congresso.
Celi - Isso! Fantástico! Ah e tem um teatro lá também que eles fazem, que eles convidam. É... tem. Tem muita abertura, muito mais do que a UFRJ.
Alexandra – Como moradora eu não recebo esses convites.
Celi - Ah, não recebe?
Alexandra – Não. É, então eu não estava sabendo.
Celi - E até não tenho tido, quando eu... é... AMOUR costumava divulgar, mas não tem tido muito não. Entendeu?
Alexandra – É, aí a gente queria conhecer mais algumas das...desculpa, algumas das... é, atividades que tem no bairro que tem a ver com
Celi - Aí ó... ó o grupo: fábrica de cuidados!
Alexandra – Ótimo!
Celi - Tá? A professora Eva, vou procurar aqui, da UNIRIO, é quem coordena esse trabalho.
Alexandra – Tá. Muito legal.
Celi - Eu vou procurar o dado aqui da professora Eva, pra eu te dar.
Alexandra - Perfeito.
Celi - O Cássio que dá, que dá aula de teatro, Moema, foi pai de aluno nosso, não sei se você se lembra dele, ele até ensaiava quadrilha pra, com a gente, pra ele dançar.
MOEMA – Ah, eu sei quem é...
Celi - Lembra dele?
MOEMA - ...é mesmo?
Celi - É, ele que é professor lá. (Mais 4...eu não estou vendo a professora Eva aqui...). Engraçado, será que a professora Eva não tá no grupo? Tá sim. É, tá aqui: Eva. Ó, tá aqui. Professora Eva. Eu vou te dar. Administradora do grupo. Como você vê eu to metida em tudo, meu Deus. Tem hora que eu acho que eu sou é doida, uma mulher de 76 anos se meter em tanta coisa como eu me meto.
Alexandra - A gente vai querer saber e também, se você pensar em pessoas que têm projetos que tem a ver com as Humanidades digitais, a gente é bem aberta pensando assim, na maneira que a tecnologia, você já falou muito sobre isso, mas tá entrando nas nossas vidas, ou tem mudado as nossas vidas de forma geral. Nós até pensamos que teria maneiras que esse congresso poderia beneficiar o bairro.
Celi - Perfeito.
Alexandra - Então seria uns trezentos pessoas. Tem tantas pessoas que usam, tem (?), não sei se seria uma possibilidade.
Celi - Será que tem aqui na Urca?
MOEMA - Tem duas pessoas que conheço que é a Miriam e a Ligia
Celi - Ah, não sabia.
MOEMA - Tinha uma amiga minha que também era, uma carnavalesca, ela faleceu.
Celi - Veja bem, eu não tenho nada contra, muito pelo contrário, aliás pessoal ficou impressionado, como é que a minha idade, como é que eu domino as coisas todas, e ainda ensino pra elas, Moema! Chega uma mãe, eu estava ensinando a professora fazer PowerPoint, ela disse: você que tá ensinando? Pra você ver. Mas enfim, não tem nada contra, eu acho que é tecnologia, eu não sei como a gente vivia sem ela, não sei. Pra você ter ideia, eu passei minha vida escrevendo a mão, não sei mais escrever a mão, só sei escrever no computador. Agora, criança eu acho que tem que brincar, não tem que ficar viciada em celular e não sei quê, é nesse ponto que eu falo que eu não quero que eles tragam para a escola, entendeu? Tem o seu momento, tem a sua hora e acho que eles têm mesmo que dominar, né?
Alexandra – Sim, sim.
Celi - Eles têm! É o mundo deles, eles nascem já plugados. É impressionante... as coisas que eles conseguem fazer, mas não quero que aquela coisa de criança viciada ali o tempo todo não, criança tem que interagir. Né? Criança e adolescente, adolescente também, se deixar, né? Mas eu não to assim, pensando em mídia não. Não sei, posso pensar. Eu vi outro dia aqui, não sei até se eu mandei pra minha nora...tá vendo como é que é? Que ela é casada com Clóvis, eu só falo a minha nora! e é na verdade minha cunhada, mas a gente esquece que ela é cunhada, parece que o Clóvis é filho. Eu não sei se eu mandei pra ela, um que eu recebi, de como a tecnologia tá ajudando a terceira idade, eu fiquei impressionada! Não só aquele coisa do pulso que você aperta, né? Tem muito mais, tem coisas que lembra de tomar o remédio, não sei o que, eu falei: gente que coisa fantástica, né?
Partial Transcript: Alexandra - E a sua família Celi, os 7 irmãos?
Celi - 5 estão no Rio, 2 em Minas, 1 em Belo Horizonte, outro no interior.
Alexandra – Você falou um pouquinho sobre seu pai, mas não sobre a sua mãe.
Celi - Então, minha mãe era uma pessoa muito doce, muito acolhedora. A casa do meu pai, eu te falei que minha mãe me contava a história de fada, lembra? Que me ensinou, é... a casa dos meus pais, era uma casa assim de acolhimento das pessoas infelizes desajustadas. Teve até um louco internado que entre uma internação e outra ficou lá em casa. Teve um momento que ele precisou ser amarrado, coitadinho! Sabe? Então era uma casa assim, de ajudar os excluídos, os ignorados, iam tomar refeição ou iam se hospedar; vinha pessoas do campo, pessoas humildes da roça, pra se tratar na cidade ficavam na casa dos meus pais. Né? Era esse tipo de coisa. Então, tem uma história por exemplo de um menino que teve poliomielite, que se chamava no interior paralisia infantil, né? E a minha mãe foi ao médico com a mãe, a mãe da roça coitadinha, lavradora, pobre, sem terra, veio com aquele menino e foram ao médico, e o médico disse: esse menino tá com poliomielite, é paralisia infantil. A Senhora vai precisar um tratamento sério, tem onde ficar aqui?
A minha mãe diz: tem, ele tá na minha casa. “Não dona Cléia, a senhora desculpe, não pode. A Senhora tem muito filho, isso é altamente contagioso”. Minha mãe disse: não senhor, eu não vou deixá-la na rua, meus filhos não vão pegar nada, eles são protegidos pela graça de Deus e ela vai ficar na minha casa. Aí botou essa mulher com uma criança num quarto reservado, as coisas eram desinfetadas, essa criança ficou lá, se tratou, ficou bem, não ficou paralítico.... que as crianças ficavam paralíticas né...? Não ficou, recuperou plena saúde, ninguém na minha casa pegou, pra você ter ideia. Então, era uma coisa assim: de acolhimento a casa do meu pai... eu comecei a escrever um livro sobre meu pai, que era A casa de meu pai e suas muitas Moradas, porque morou em vários lugares, porque tem Jesus falando né: na casa de meu pai há muitas moradas... mas depois não tive folego aí meu irmão continuou, mas aí já virou outra coisa o livro, mas enfim... Era assim.
Alexandra - Sua mãe me parece uma pessoa muito forte.
Celi - Muito, muito forte! Minha mãe chegava uma empregada em casa dela ela não deixava que ninguém maltratasse: minha filha, ela largou a família. Você já pensou você largar a família e ter que morar na família, na casa do outro? Que tristeza! Trata com carinho. E mais... primeira pergunta, minha mãe falava: você sabe ler? Não. Então vou te ensinar. Mamãe alfabetizava todas as empregadas. Era assim.
Alexandra – Os nossos pais nos ensinam muito.
Celi - Né? Eu dou graças a Deus, todos os dias pelos pais que eu tive. Em coisa de questão de sorte mesmo. Papai era um homem enérgico, mas era assim...no interior né, as pessoas não tinham muitos recursos, lá na casa do meu pai, ou evangélicos ou não, todos recorriam lá... papai era o conselheiro, era o advogado que isso ia, vai lá, faz aqui, era o que arranjava lugar no hospital, arranjava colégio, entendeu? Eles iam lá procurar. Tem histórias muito bonitas, papai foi capelão, depois na Neves, na penitenciária de Neves, em Belo Horizonte. Ele tinha um amor por aqueles presos, imagina se bandido bom é bandido morto? Jamais. Bandido bom é bandido resgatado. Papai tinha um amor, uma dedicação aqueles presos e tem um que tinha jurado do meu pai de morte antes, anos antes, em Valadares, ele botou a cerca da casa dele para dentro da igreja, para dentro... papai mandou tirar no peito e botar lá. Aí disseram: reverendo, não faça isso esse homem é bandido. Eu faço, eu não tenho medo de bandido, vamos botar lá. Aí ele falou: vou matar esse pastor. Mas só que ele foi preso logo por outras razões, né? Reencontrou o papai como capelão. Papai tratava ele com maior respeito, com maior carinho, ele chorando pediu perdão. E depois quando ele saiu, tinha que alguém era... liberdade condicional, sei lá... tinha que alguém assinar o alvará dele, ele disse: eu só admito que o reverendo assine, é o único que pode assinar. Aí papai assinou o alvará. Olha que história! Né? Eram assim meus pais. Nunca podia imaginar, que hoje em dia chamassem de evangélicos outras coisas...Né? Os ditos... quer dizer, mas ainda tem viu... as igrejas históricas, Metodista, Batista, Presbiteriana, Adventista, Assembleia de Deus...que eu to me lembrando, né? Pode ter mais alguma que eu esqueci, são as históricas, essas são sérias, tá? Essas são para servir o outro, não é para ser servido se não completar não. Esses neopentecostais aí, são outras coisas, de teologia da prosperidade é outra coisa. Mas chamam de evangélicos né Moema? Eu tenho até vergonha de dizer que o meu pai era pastor, só se eu puder contar a história toda dele... É isso.
Alexandra – Que lindo! Então, eu quero voltar pra ouvir a história do seu pai total e ia te falar sobre o AMOUR também.
Celi - AMOUR, pois é.
Alexandra – Muito lindo, obrigada.
Partial Transcript: Celi - Nada, imagina. Eu que agradeço. Mas eu fiquei tão entusiasmada com essa história... rua, saia! Tomou seu leitinho?
(funcionária da escola Lígia fala com a dona Celi)
Celi - A Lígia tem... é... eu perguntei se tomou o leitinho brincando porque ela tem é...
MOEMA - diabetes.
Celi - Diabetes. E a diabetes dela é severa vive tomando insulina, mas não se cuida, né? Aí eu descobri o leite de alpiste. Eu sou toda natureba, né? Eu não tenho diabetes, mas tava um pouquinho alta, meu médico ficou impressionado com a baixa que teve, tudo com leite de alpiste. Aí eu falo para ela mas ela não faz, nem ela nem Cibele, então quando eu faço pra mim eu trago pra elas duas. Né? Vão ver se elas vão ter o capricho de tomar.
MOEMA - Você viu que naquele dia sempre falou do louro, logo depois recebi uma reportagem, gente...
Celi - sobre louro?
MOEMA - eu te mandei. Gente a Celi podia ter escrito isso.
Celi - (risos) Toda natureba minha filha.
Alexandra – Sempre foi ou é uma coisa?
Celi - De uns anos, é uma paixão quer dizer, eu fui criada com vida natural, né? Mas de uns tempos para cá, por exemplo, quando apareceu a macrobiótica, fui das primeiras a fazer macrobiótica
Alexandra – Eu também fiz, durante um ano. Muitos anos atrás, foi radical mesmo.
Celi - Aí, parei de comer carne é... tem 52 anos que eu não como carne, também fui das primeiras, todo mundo me olhava como se fosse um ET. E me faziam a célebre pergunta: o que que cê come? Eu digo: grãos, raízes, folhas e frutos. Tem muito que comer nesse planeta, não precisa comer bicho não. Eu não chego a ser vegano, eu acho que o vegano é que tá certo. Eu gostaria de ser vegana, ainda não tive força, mas diminui bastante. Eu comia ovo todo dia, agora como no máximo uma vez por semana. Cortei o queijo, que eu comia muito queijo, cortei. Eu tomo café Cappuccino e como um pouquinho de requeijão no pão, é só. Mas mesmo assim eu quero ir cortando, porque eu vi, eu recebi um vídeo sobre a vaca leiteira, Moema eu nem vi até o fim. Como elas são tratadas. Sabe? Nem vi.
MOEMA - Tudo vira objeto né? Serve para.
Celi - Serve para, terrível! Terrível! Exploram tudo, explora as abelhas... sabia que abelha não faz mais casulo? Ele é feito em fábrica e é colocado ali pra produzir mais. As galinhas ficam tão confinadas que não se vende quase mais pé de galinha, porque os pés dela incham. Ela fica confinadas, com luz acesa dia e noite pra comer. Ah, não gente! Não pode compactuar com isso. Enfim, mas aí foi assim, minha mãe me criou com chás e homeopatias. E aí eu fui aperfeiçoando isso, quer dizer, aperfeiçoando, fui continuando isso para minha vida, né? Chá disso, chá daquilo, homeopatia, é o que eu gosto. Meu médico ainda é homeopata, né, doutor Hélio. Às vezes eu chego fazer uma consulta, um check-up: qual remédio que a senhora toma? Nenhum. Nenhum? Eu digo: é, por que? É obrigado a tomar remédio? Não, na sua idade eu nunca vi. Pois é, remédio mata ao invés de curar. Né?
Partial Transcript: MOEMA - E agora a família dela tá aqui, ela, a irmã e a filha.
Celi - E a neta, neta Marina né, tá fazendo as mídias.
Alexandra – Estão morando com você?
Celi - Não, minha filha mora, aqui na escola que ela diz.
Alexandra – Ah, todo mundo está aqui na escola.
Celi - É, a filha, a Cibele, minha irmã é coordenadora executiva, a Erika minha filha, foi professora, agora ela é... coordenadora pedagógica e a Marina faz as mídias, minha neta. O Cláudio, meu irmão trabalhou aqui.
MOEMA – Uma vez quando o meu filho era pequeno, ele queria me falar que alguma coisa que a Celi tinha falado: mamãe, é... aquela moça lá da escola pediu tal coisa pra você. Mas qual filho? Aquela que manda mais.
Celi - Aquela...não se é a Celi ou a Cibele, mas qual das duas? Aquela que manda mais (risos) Falei: até parece que eu mando muito, aqui é tudo participativo (risos). Como é que ele captou, né?
MOEMA – Bonitinho.
Celi - Uma graça. Eles me confundem muito com a Cibele, completamente diferente, muito mais nova do que eu, mas como as duas ficam ali e o nome Cibele é muito mais fácil de falar que Celi.
MOEMA – Essa Lígia que veio bater porta aqui, o filho dela falou que vai casar com a Celi.
Celi - É, quer casar comigo. 5 anos. Aí eu sou viúva né, aí eu brinco com minha filha, arranjei um pretendente quer casar comigo. “Você tá doida?”. Não, ele quer casar. Ele tem... ele é um pouquinho mais novo, mas quer casar. Mais novo? É, ele tem 5 anos. Aí o pessoal ri. (risos).
Partial Transcript: Alexandra – Quem era o seu marido?
Celi - Ah, meu marido é um capítulo à parte.
MOEMA – Isso aí é uma outra entrevista. Era uma pessoa grande...
Celi - Era um homem fantástico! Pra você ter ideia, trem do Corcovado só tem 2 carros com nome: um é o nome do Papa Francisco outro é o nome do meu marido. Agora mudaram os 3, né? Mas tem carro com nome dele. Tem Centro Cultural com o nome dele, na cidade dele. Essa é outra história, mas... Chico Buarque que sabia: Oh pedaço de mim, Oh metade arrancada de mim... Foi assim quando ele foi embora.
Alexandra - Vocês se conheceram aonde?
Celi - Em Além Paraíba, eu tinha 16 anos quando o meu pai mudou pra lá e que eu vim pro Rio, né? Eu vim estudar aqui, meu pai mudou pra Além Paraíba e eu vim para cá. O Vítor morava lá. E ele era da igreja, a gente se conheceu na igreja, ficamos muito amigos, 2 anos de amizade, depois começamos a namorar. Foram 2 anos de namoro, noivado, 48 de casamento, então 50 anos. Né?
Alexandra - Minha filha vai adorar ouvir essa história, porque ela sonha com... ela quer só conhecer agora jovem o marido dela pra ficar a vida toda juntos, né? É...
Celi - Hoje em dia isso é raro, né?
Alexandra - Ela também é evangélica, então ela pensa que em algum momento na igreja ela vai encontrar.
MOEMA – O marido da Celi, ele trabalhava com estrada de ferro e tudo, mas assim, ele... o trabalho dele todo era voltado pras pessoas, ele tinha uma visão de projetos educacionais assim, maravilhoso!
Celi - Ele tinha um livro trilho, o livro dele O trilho e a flor de crônicas, só sobre as pessoas humildes, o guarda-freio não sei o que... todos da ferrovia, né?
MOEMA – Causos é nesse livro?
Celi - Causos ferroviários. Ele... ele também gostava muito de arte. Então, ele fazia concertos na central do Brasil, concertos de música clássica na central do Brasil. Que ele dizia na estação, o povo passando lá e ouvindo a música clássica. Ele dizia que o povo tinha que ter... ele fez muitos... mostras de arte em cidades pequenas, onde nada chega, né? E levava artistas do Rio pra mostrar coisas lá. Outras dele, ele fez quando ele se aposentou, ele deu consultoria uma...em São Paulo, uma empresa que comprou os transportes que eram públicos, a empresa comprou. E ele deu consultoria, trabalhou com a firma que tava dando consultoria lá. Que que ele fez? Ele convenceu os... os... acho que nem você sabe disso, os empresários. Não tem aquela parede entre o motorista e os passageiros? Não tem um negócio de vidro? Ele fazia mostras de arte ali. Que o povo tinha que ver arte mudava todo mês, botava réplicas de obras de arte ali, cada mês botava um artista.
Alexandra - Ele trouxe esse é... incentivo pra você ou você pra ele?
Celi - Eu acho que foi mais eu pra ele, com essa história da NAU que ele foi se... né? Foi contagiando.
MOEMA – Mas ele era muito carismático, né?
Celi - Era, nossa Senhora! Ele era um homem adorado.
Alexandra – Aí vocês fizeram todas as suas mudanças juntos?
Celi - Crescemos juntos...
Alexandra – Cresceram juntos e vieram pro Rio juntos...
Celi - Não. Eu já estava aqui, assim, eu... estudei 4 anos interna, né? Aqui. E ele lá em Além Paraíba. Aí, nós íamos nos casar e eu achei que eu ia morar em Além Paraíba e ele foi chamado pra dar aula numa escola profissional ferroviária em Miguel Pereira. Aí nos casamos, fomos morar em Miguel Pereira. Ele só ficou 4 anos lá, eu fiquei 7, eu fiquei um pouco mais. Porque ele logo foi se projetando como professor lá na faculdade, chamaram ele aqui pra, pra rede ferroviária, que era onde gerenciava né? E lá na rede ele foi crescendo de...foi crescendo de... de cargo... foi crescendo profissionalmente e aí nos trouxe pro Rio.
Alexandra - Entendi. Pra Urca?
Celi - Pra Urca. Eu nunca podia imaginar, né? E aí ele... quando se aposentou...primeiro ele trabalhou nessa empresa que eu falei, depois trabalhou com... uma coisa de... ferroviária como é que chama? Essa coisa aposentadoria e pensão de funcionário de, de ferrovias? CEFET. Não, era de saúde. Era uma coisa de saúde, só do ferroviário. Um plano de saúde próprio do ferroviário que era, mas faliu. Graças a Deus ele já tinha morrido, que aquilo ali ele dava o sangue pelo CEFET, né? Fazia tudo. Mas depois que ele morreu, acabou o CEFET. Ele fundou a UNEARTE, que era essa que fazia, que fazia mostras, que fazia projeção de filmes com discussão, que fazia concertos, né? Tirava tudo do bolso dele. Ele fundou o movimento de preservação ferroviária, MPF. Fazia seminários pelo Brasil inteiro sobre presos em relação... O projeto dele: esses trenzinhos, esses trens... é... culturais...de saudade de Maria Fumaça que tem, começou em Tiradentes, foi o primeiro. Turístico. Projeto dele, quando ele era da rede ferroviária, que ele era chefe de gabinete do presidente. Dois projetos dele que foram para frente: um era esse do trem turístico, voltar fazer só turismo e outro pra não perder a memória do trem e outro de transformar as estações abandonadas do interior em centros culturais. A ferrovia doava e a prefeitura transformava em centro cultural. Também era outro projeto dele e ele chegou a fazer isso, né?
Alexandra - Lindo!
Celi - Pois é.
Partial Transcript: Alexandra – Mas vamos marcar sim, então são 3 conversas...
Celi - E, nossa Senhora.
Alexandra – (risos) É... você me lembrou, seria da, do turismo, nós no instituto fizemos 2 coisas: é... somos bem jovens né, assim... tem 3 anos, eu acho... mas é... veio um grupo de 50 escritores dos Estados Unidos, passaram 2 semanas no Rio de Janeiro...
Celi - Que bacana!
Alexandra – e vieram passar um dia conosco na Urca e nós fizemos um passeio sonoro.
Celi - Que lindo!
Alexandra - Um passeio que começou na pista Cláudio Coutinho.
Celi - Ah, que pena que você não me conhecia pra eu te falar do Instituto Cravo Albin!
Alexandra - Nós viemos pra vários lugares, eu to pensando isso, exatamente isso. É... onde... convidamos pessoas que já tinha dado entrevistas e conversado, conversas gravadas, a aparecer, então...
Celi - E o Cravo Albin vai ser o máximo!
Alexandra - e eles apareciam e falavam da histórias deles.
Celi - Ah, eu falei da academia, o Vítor fundou isso também, a Academia Ferroviária de Letras; mas o que que você ia falar?
Alexandra – É... que era um passeio pela Urca, conhecendo moradores de Urca com iniciativas bacanas. Então, quem vinha, acabou eles falaram: o feedbak que a gente recebeu, foi que foi o dia que eles mais conheciam o brasileiro, que eles mais sentiam uma conexão com o lugar.
Celi - Que bacana!
Alexandra – Foi muito legal! E fizemos uma coisa semelhante com um grupo da Colômbia, que tava aqui estudando. E levamos eles também pra conhecer a Urca de uma forma mais pessoal, mais intimista.
Celi - Eu conheço um guia de turismo...
Alexandra – Sim...
Celi - É... Russo. Que sabe que ele tá levando turista agora? Na minha casa, pra eu mostrar como faz pão de queijo. (risos)
Alexandra – Perfeito. (risos) É isso aí!
Celi - Pão de queijo, (risos) prato mineiro.
Celi - (risos) Aí eu fico com um pronto para servir, né? E mostro como se faz. (risos) Vê se pode?
Alexandra – Então, a gente pode colocar você também no roteiro. Muito legal!
Celi - (risos) O que... eu ia falar um negócio, ah sim, eu to aqui, eu tenho tanto grupo, que gente eu sou doida: no grupo do CONSEMAB, o conselho de meio ambiente, no grupo do conselho do parque carioca, no grupo do salve a UFRJ, olha que loucura! No grupo da fábrica de cuidar... (Moema eu sou louca) no grupo da, da, de segurança. Olha bem: nesse grupo aqui, que é do Parque Paisagem Carioca, que envolve o Chacrinha, tem um cara fantástico que ele vai fazer um passeio que eu vou te convidar.
Alexandra - Tá.
Celi - Ele ia fazer na nossa colônia, choveu no dia. Ele vai fazer em março, nós vamos convidar os pais, nós vamos passarinhar, sabe o que é passarinhar?
Alexandra - Nós fizemos um passeio de passarinhando também, sim!
Celi - Com apitos?
Alexandra - Com apitos não.
Celi - Ai, eles têm apitos que se chamam os pássaros.
Alexandra – Não, nós fomos com um especialista de, em pássaros, que faz, ele tem um ONG que faz passeios na pista Cláudio Coutinho.
Celi - É isso.
Alexandra - E nós trouxemos também um dos gravadores de som que trabalha com a gente e é cego. E ele é um expert em sons de pássaros, ele já viajou o... continente inteiro sozinho.
Celi - Ah, que bacana! Como é o nome dessa pessoa?
Alexandra – Juan Pablo Culasso, ele é...
Celi - Pera aí, pera aí, deixa eu perguntar ao Ricardo se ele conhece. O Ricardo, ele leva uma moça, a moça tem uns apitos que imitam os pássaros, então ela chama o sabiá, o sabiá responde, chama o Bem-te-vi, o Bem-te-vi responde. Aí é bom levar também binóculo, é, é, desse tipo aí. Ó, CGA que é o grupo. E é tão engraçado que às vezes eu até confundo. Ontem, um amigo meu, nós tivemos 2 reuniões, uma de manhã que era ali sobre o quadrado da Urca, né? Não, o quadrado da Urca foi a tarde e aí esse meu amigo que é o Licínio, foi sobre um projeto que tá na Câmara dos vereadores, Moema, que se passar acaba com a Urca. 136 vou até falar com Valto.
É hora de fazer conscientização. Aí nós fomos a um vereador, conversar pra esse projeto não ir adiante. Eles querem acabar com o Pew Pew que deixa né o, o número de, de...
Alexandra – Ah, sim.
Celi - E tem o outro que quer transformar, pode ser qualquer coisa as casas, pode virar um foodtruck, por exemplo. Aí já pensou, moto chegando de noite ali no seu ouvido. E a gente foi falar com o vereador e esse meu amigo foi junto, que ele é de Botafogo. Aí a tarde, eu fui a outra reunião, que era sobre o quadrado da Urca. Aí ele me perguntou: o que que você achou da reunião? Eu respondi: tudo sobre a segunda que ele não foi.
Celi - Ele falou: Celi não entendi nada. Ele me ligou: Celi, não entendi nada do que você falou. Como assim? Você diz que IRPH (Instituto Rio Patrimônio da Humanidade, né), que IRPH fez a planta, mas não mostrou a planta ainda... (a planta não, projeto) ...e que não tem ainda nem orçamento meses depois. Que orçamento? Que projeto? Não se falou nisso. Ah Licínio, que doideira, foi outra reunião. (risos) Que é coisa demais na minha cabeça. Agora eu vou, é bom que não dá para ficar muito doida.
Alexandra – Nós fazemos parte da... do patrimônio, é... histórico e paisagista da UNESCO também.
Celi - Ah, que bacana!
Alexandra – É, não, a Urca faz parte.
Celi - A Urca?
Alexandra – Claro. Ela está no meio disso, porque é...
Celi - Eu sei que a Urca é uma APAC. Uma área de proteção ambiental cultural. Eu sei que é. Urca é uma APAC.
Alexandra – Um APAC?
Celi - A-P-A-C, Área de Proteção Ambiental e Cultural.
Alexandra – Essa eu não sabia. Você sabia?
MOEMA – Sabia.
Celi - Pera aí. Eu tenho, eu tenho preguiça de digitar, tá? Eu só dito pro telefone. “Ricardo vírgula, você conhece (como é que chama?)
Alexandra - Alex? Alexandra?
MOEMA - Não, o pesquisador...
Celi - Juan Pablo...
Alexandra - ...Culasso. Culasso.
Celi - ...ele não vai isso. Eu vou ter que escrever. Então: Juan Pablo...não, vou escrever Juan ao invés de J. Você tem que voltar. “Juan Pablo...” Como é que é Culasso? C-U-L-A-S-S-O. Especialista em pássaros. Ele também faz passeios ali na Cláudio Coutinho. Já ia falar bem te vi, eu só falo bem te vi. Ali é Cláudio Coutinho... chamava, chamava caminho do Bem-te-vi... eu só falo Bem-te-vi. Muito mais bonito, né? Cláudio Coutinho foi avô de aluno da escola.
Alexandra – Ah, é?
Partial Transcript: Celi - Mas eu acho, sabe? Eu acho que nomes da natureza ...falar em nomes da natureza, vou te mostrar 2 coisas. Você sabia que a nossa escola tem o selo da ONU meio ambiente?
Alexandra – Não, não sabia.
Celi - Única escola do Rio, porque a gente trabalha muito a consciência ambiental e educação ambiental, era....ai meu Deus! Nosso bailinho por exemplo. Ó, aliás você tá convidada, olha o convite. Olha o convite.
Alexandra – Lindo, eu vi.
Celi - Você viu, você viu as regras, não viu? As regras do grupo? Que não pode ter serpentina, nem confete, viu?
Alexandra - Eu pensei em levar a minha filha.
Celi - Ah, ótimo!
Alexandra – É hoje, né?
Celi - Você viu esse aqui, né?
Alexandra – Aham.
Celi - Que eu fiz, aí ó: a velhinha esperta que fez ó, velhinha aqui! Eu achei isso no, na internet, eu que fiz esse aqui. Eu faço um no PowerPoint e salvo em jpeg, porque o jpeg abre, aqui e no e-mail, se não, não abre, né?
Alexandra – Você aprende tudo.
Celi - Ah, eu quero saber tudo. Então, olha, tem uma pessoa disse mas vocês estão muito...
Alexandra - Eu vou tirar uma foto de vocês.
Celi - Fica aqui Moema.
MOEMA – Eu?
Celi - Ai, ai.
Celi - Sabe qual é o truque? Olhar pra testa da pessoa.
Alexandra – Ah, é?
Celi - É, porque você faz assim, seu olho abre. Se não, fica fechado. O meu já tá quase fechado, eu vou operar.
Alexandra – A Marilyn Monroe dizia que o truque era dizer: thursday...
Celi - Ah é? Thursday, gostei!
Celi - Eu vou operar meu olho com ex-aluno da escola. O Alvinho, Álvaro Kozak.
MOEMA – Ah, que lindo!
Celi - Eu falei: Alvinho! O pai dele: não é Alvinho, é Dr. Álvaro. (risos)
Alexandra – Pode assinar um termo de... é, imagem?
Partial Transcript: Celi - Cê tem que conhecer o Cravo Albin, quero te levar lá.
Alexandra – Ótimo! Vamos lá.
MOEMA – Pensei até que você já conhecesse.
Alexandra – Não, ainda não.
Celi - Cê levou ela lá na... levou ela lá na... (?) domingo? Identidade eu não sei de cor.
MOEMA - Você conhece a Pilar e o Pedro? A gente vai passar aqui em frente à casa deles.
Celi - Uma família de artistas plásticos. Segunda geração. Terceira, porque a batina é (?) domingo.
MOEMA - O pai deles foi um grande carnavalesco. A mãe era artista também, família toda de artistas.
Celi - Aí os filhos e a neta.
MOEMA – São de madrinha, né? É lá onde é o coral.
Alexandra – Sim, eu já entrei na casa pra ver o coral.
Celi - O maestro é pai de aluno nosso. Aliás, o pessoal da, pessoal da AMOUR brincava que todo mundo já foi aluno da NAU e já almoçou no Cravo Albin. Porque tudo que a gente fala: é, já almoçou aqui em casa, já teve aqui! Ah é, todo mundo almoçou no Cravo Albin e foi aluno da NAU.
MOEMA - É porque o Cravo Albin oferece almoço na casa dele?
Celi - Não, é que ele tinha almoços de negócios, né? Vou botar o celular, melhor, né?
Partial Transcript: Alexandra - Você tem algum projeto pra jovens trabalhar com as crianças?
Celi - Tá falando comigo? Olha infelizmente... que eu tenho, que a gente pode ter, é estagiários, né? Quando tão fazendo pedagogia.
Alexandra - Mas já são mais velhos?
Celi - Hoje é que dia? É, fazendo universidade...que dia é hoje?
MOEMA – 20 ou 19?
Celi - Negócio é o seguinte: 19 não é 20. Eu já trabalhei 4 anos coordenando (ih, não coube fevereiro). Aqui tá 2001, tem unzinho, que tem que botar o 2 por cima, era 1900, né?
Alexandra – É tá com o velho logomarca, a gente já tem um novo logomarca.
Celi - Trabalhei 4 anos coordenando uma ONG, junto com a NAU, eu tive várias coisas junto com a NAU, porque eu tinha que botar dinheiro aqui, né? É... de capacitação de jovens de baixa renda. Foi muito interessante! Esse menino conserta computador aqui, foi de lá, sabia? O Peterson. Ah, é? Do espetáculo?
MOEMA – Foi.
Celi - Você falou em negócio de jovem, eu lembrei.
Alexandra – Você ficou com a carta por acaso? Tá aí?
Partial Transcript: Celi - Ah, tá aqui. Olha que coisa interessante... é esse o seu, não? Ó, que coisa interessante, colocaram aqui no grupo do salve UFRJ, esse projeto de vocês da UNIRIO, eu falei assim: que engraçado! Eles não procuraram a AMOUR, escrevi aqui.
Alexandra – Nós procuramos, mas não, não...consegui contato direto.
Celi - O Pedro viaja muito!
Alexandra – É, então, quando ele voltar a gente conversa. Eu gostaria, nós gostaríamos de criar uma mesa: de moradores, pessoas com... é....
Celi - Aninha, Aninha conhece muita história.
Alexandra – É e, talvez alguma mesa de experts sobre a Baía, tamos falando com o Guruga talvez fazer um passeio de barco...
Celi - O Gururga tem um passeio maravilhoso. Aliás ele convidou...
Alexandra – Não, não, vou convidar de novo.
MOEMA – Você conseguiu o e-mail do Guruga?
Celi - Eu tenho o e-mail do Guruga, deixa eu escrever aqui. Eu tenho telefone também, quer?
MOEMA – É mais o e-mail mesmo.
Celi - Pera aí, deixa eu escrever aqui. Eu não sei de cor, mas eu escrevendo aqui aparece. Eu tava falando négocio de apelido. Nome do Guruga eu até esqueço, acho que é Luís Augusto, sei lá. Conheço Guruga desde que ele era criança, mas é Guruga, né? Assim como eu sou Celi. Na Urca até as praças tem apelido, tá? É a praça da feira e praça dos brinquedos e praça do quadrado. Que é Cacilda Becker.
Celi - Pegar o gmail aqui. Porcaria.
Alexandra – Celi, nós tempos um outro grupo que eu vou te convidar participar, chamado Águanabara.
Celi - Ah, que bacana!
Alexandra – Aí você pode ser um conector de todos os grupos, seria interessante.
Celi - Olha aqui, quer ver? Deixa eu escrever aqui, pesquisar e-mail. Ó... (passando e-mail).
Celi - Guruga é muito engraçado, como eu conheço desde pequeno, tem muita intimidade, né? A gente, mais uma cosa da minha vida... eu tô na ONG Instituto Rumo ao Mar como apoiadora.
Alexandra – E nós somos parceiros.
Celi - É? Do Rumo ao mar?
Alexandra – Aham.
Celi - Olha!
Alexandra – Então, com Cristiano.
Celi - O Guruga me levou pra lá. Ele me tava dando uma bronca, perto do almirante, eu falei: não repara não que ele é doido assim mesmo, tá? Ele tem intimidade comigo. (risos) Eu coordenava a... colônia de férias do iate e ele era do EDN. E ele faz cada briga comigo e eu digo: Gururga, eu vou embora agora, você vai ficar com essa colônia pra você aprender me respeitar. Ele fazia comigo como se fosse mãe dele, entendeu? Igual ele faz com a mãe? Fazia comigo. Então, eu sou do Rumo ao Mar também, eu sou de tudo. (risos)
Alexandra - Você é de tudo! Me deixou pensando também que seria muito legal ter um... criar um... é tudo pelas parcerias hoje em dia, então se a gente pode também ter uma parceria com a NAU, de alguma forma, ajudar com alguma coisa. Faria isso. Talvez as histórias, não sei, se você já fez uma história da NAU.
Celi - É, eu tenho assim, no nosso projeto político pedagógico, eu conto um pouco a história de como começou igual essa história do texto que eu li, essa história que eu te contei, eu tenho escrito aqui. Do, do projeto político pedagógico, se quiser eu te mando.
Alexandra - Eu quero sim. Eventualmente eu vou te mandar essa conversa de hoje também, pra você usar do jeito que você quiser.
Alexandra – Você vai editar? Corta um pouco o veneno que eu joguei da escola Britânica (risos) que não fica bem (risos). Só fala que a escola Britânica não tem participado muito.
MOEMA – Você já tá com o endereço eletrônico da Celi?
Alexandra – Não, não estou.
MOEMA – É, pra você enviar.
Alexandra – Eu te mandando um convite também.
Partial Transcript: Celi - Tá ótimo. Tem uma história engraçada da UNIRIO. Pera aí, eu to vendo que aqui tá fechado, a gente fico aqui o tempo todo com a janela fechada ali. Deixa eu te contar uma de UNIRIO com coisas digitais. Uma vez, uma das minhas gestões aí como presidente da AMOUR, me telefonou um grupo (Essa não vai abrir. Não Deixa Pra Lá. Não, a Cibele chega e liga esse negócio. Ah, é, o ventilador pode). O grupo quer fazer um curso pra terceira idade na biblioteca da UNIRIO, curso de computador de digitação né, para a terceira idade. Aí divulguei o curso. Muito bem. Uma das pessoas pra quem eu divulguei, divulguei geral, mas a pessoa me ligou e falou: Celi, ninguém sabe de nada lá. Fui lá me inscrever, pessoalmente, nem fiz por telefone. Disseram que não sabem de nada, que não vai ter esse curso. Aí eu, como assim? Aí fui lá. Cheguei na biblioteca, falei com o bibliotecário: escuta aqui, não vai começar o curso amanhã? “Que curso?”. Falei: Ué, aqui na biblioteca. Nem sei se era no dia seguinte, não me lembro, tava próximo de... de digitação pra pessoas da terceira idade. “Não, aqui ninguém sabe disso”. Falei assim: como é que eu recebi, então? “Escuta aqui Celi, eu saberia, você não acha?”, “Eu acho”. “Vai lá na informática e pergunta”. Aí eu fui no departamento de informática, ninguém sabia de nada! Aí eu falei assim:. como é que pode? Eu recebei! “A senhora não acha que a gente saberia?”. Mesma coisa que o outro falou. Falei: então não sei, vou ligar pra quem está divulgando o curso. Aí liguei e a pessoa “ai, meu Deus do Deus, não é possível”. Vou lá pessoalmente também. Porque ela falou: lá, com a cúpula, não passaram, minha filha. O curso ia começar e as pessoas não sabiam, Moema” Aí lá da cúpula veio, falaram né... aí a bibliotecária falou: Ah, me desculpe eu não sabia. Você não tem culpa, você não sabia, né?
Alexandra - A tecnologia ajuda, mas as vezes dá essas (?)
Celi - Não mas é falta não. A tecnologia facilita. Eles podiam ter passado um e-mail, antigamente não tinha WhatsApp, passava um e-mail pros setores, que que há?
Alexandra – Sim, claro! Não precisava nem ir lá, muito pelo contrário, acho que ajuda muito. Aquele negócio, ficar tramitando papel e indo de mesa em mesa. Eu dirigi um colégio grande, que eu tinha uma pessoa que era minha assistente, que eu mandava um pedido, ia primeiro pro diretor acadêmico e depois um diretor administrativo, pra depois pro diretor geral, que ficava correndo as vezes num papel, papel. E eu dizia assim pra pessoa “acompanha esse aí, esse aí é circular interno...depois vai lá no outro”. Hoje não, você vai ali no computador e passa. Quer dizer, tinha facilidade, é falta de comunicação, não é coisa de tecnologia, muito pelo contrário!
Partial Transcript: Alexandra – Mas como, por exemplo, foi muito difícil divulgar, é...na Urca a questão do Congresso, porque eu percebi que não tem...
Celi - (?) também para botar no Facebook da Urca?
Alexandra – Não, eu não pedi diretamente isso, mas eu pedi pra ela divulgar.
Celi - Nós divulgamos, esse grupo aí, nós divulgamos pelo WhatsApp.
Alexandra – Tá, é tudo por WhatsApp
Alexandra – E eu acho que eu não tô, não faço parte desse grupo, provavelmente.
Celi - Mas esse grupo que eu tô falando, SALVE A UFRJ, esse grupo que divulgou isso, é o grupo que tá resistência contra a privatização. Aí tem alguns grupos de moradores que (?)
Alexandra - E não tem um grupo da URCA?
Celi - Deus me livre! Eu não entro mais em Facebook, um dos problemas é esse. Tem um grupo aí, URCA alerta, minha filha... só sabem falar mal da AMOUR, que a AMOUR não faz nada. Aí eles, eu perguntei a um. Moema, nunca foram numa reunião, não se associam, não trabalham, não sabem dos murros em ponta de faca que a gente dá e não consegue porque não tem resposta da prefeitura, porque não tem resposta...
Alexandra – Vocês tão sabendo de parte do morro que caiu, né? Uma amiga minha mora naquele prédio.
Celi - É perto da minha casa.
Alexandra - É perto da sua casa. O prédio tá interditado, elas tiveram que sair de casa.
Celi - Uma parte tá interditada, a outra não. Tem um amigo de infância dos meus filhos que tá fora de casa, não pode entrar nem pra pegar roupa.
Alexandra – Essa amiga minha também tá fora de casa.
Celi - Foi terrível.
Alexandra - E eles têm previsão de fazer alguma coisa não, né?
Celi - Não sei.
Alexandra – É com a prefeitura mesmo, né?
Celi - (?) posso perguntar, se eu ver ele na rua.
Alexandra - Mas o AMOUR não tá envolvido nisso?
Celi - Não tá não. Muito triste, muito triste.(?)
Alexandra – Por pedras.
Celi - E olha a minha boca, eu tinha falado dias antes desses desmoronamentos por aí, eu falei: graças a Deus que aqui na Urca não desmorona nada. (?) Pedra (?).
Alexandra – É, tá bom. Acho que por hoje tá bom, muito obrigada, foi ótimo!