Partial Transcript: Prescilla: Alugava boias para as pessoas que não sabiam nadar, principalmente crianças que as mães tinham medo de deixar sozinhas na água, com a boia elas se sentiam mais seguras.
Alexandra: E os maiôs?
Prescilla: Os maiôs eram maiôs inteiros, não tinha duas peças, eram maiôs inteiros de lã, malha de lã, pesada. Quando a criança sentava na beirinha da água para brincar, quando ela se levantava, o fundo estava cheio de areia. As mães tinham que tirar o maiô porque machucava tudo. Era uma areia grossa, não é uma areia de Copacabana, era uma areia bem grossa. Esse paredão vinha desde... a altura do Monumento dos Pracinhas até onde era o restaurante Rios, mais próximo do morro da Viúva. Era todo um paredão, cheio de pedras. Agora, o lugar preferido para banho de mar era esse que você saia da rua Paissandu, atravessava a rua, logo tinha uma abertura no muro com as tais duas escadinhas através das quais você alcançava as pedras.
Alexandra: Será que essas escadas ainda estão lá?
Prescilla: Não, não existe mais nada, nem muro, nem nada. Quando fizeram o aterro, isso tudo acabou. Eles aterraram a praia, criaram uma praia artificial.
Alexandra: Então era muito mais próximo, não era tão longe?
Prescilla: Sabe onde vinha esse muro? Sabe onde a gente pega ônibus na praia do Flamengo, ali, o muro vinha aqui. Do muro para lá, eles aterraram tudo. Do ponto de ônibus para dentro do mar, eles aterraram não sei quantos metros. Eu comecei a trabalhar na Panair do Brasil, que ficava perto do aeroporto Santos Dumont, o prédio. Às vezes eu vinha a pé para a minha casa, eu morava na rua Carlos de Campos, no final da rua Paissandu, eu vinha a pé pela praia, entrava na rua Paissandu e ia até lá no alto e chegava em casa. Era tranquilo. Saia do trabalho cinco horas da tarde, chegava em casa cinco e meia, cinco e quarenta andando a pé.
Alexandra: Lindo. Outra cidade.
Prescilla: E eu assisti à formação do aterro, foi mais ou menos... eu entrei na Panair foi em 1942, eu tinha 18 anos, trabalhei lá algum tempo, nesse prédio, depois mudei para a av. Rio Branco, 85, fiquei lá até 46. Mas esses dois anos que a gente ficou ainda no prédio antigo, eu vinha a pé para casa e assistia o movimento dos caminhões trazendo areia, trazendo areia, trazendo areia, foi um trabalho de formiguinha fazer esse aterro. Imagina quantos caminhões de areia...
Beyla: Quando foi feito o aterro?
Prescilla: Antes dos anos 50.
Beyla: Não senhora, porque eu me lembro de Parada de 7 de setembro, a gente ia ver a aqui na praia do Flamengo e era essa mureta com as pedras, não tinha areia.
Prescilla: Beyla, teve um ano santo em 1950...
Beyla: Pode ser o aterro para lá, para cá tinha pedra, que eu me lembro.
Prescilla: Então era aterro para lá, lá para os lados da cidade. Não deu tempo de terminar.
Beyla: Para cá, eu me lembro das pedras e da água batendo nela.
Alexandra: Nos anos 60?
Beyla: É, até anos 50. Quando a gente veio morar aqui...
Alexandra: Difícil imaginar você criança nos anos 60.
Beyla: Eu nasci em 1950, eu vou fazer 68, estou chegando nos 70. Você vai fazer quanto?
Alexandra: 49.
Beyla: Criança.
Prescilla: O meu pai faleceu em 1963. Ele vinha da cidade, bem antes dele ficar doente, ele já estava morando em Copacabana. Ele vinha da cidade, estavam terminando de fazer o aterro, e ele ficava revoltado com o tamanho dos postes que eles botaram no aterro. Esses postes enormes era uma coisa que ele não se conformava. E ele reclamava sempre que ele chegava em casa, ele reclamava: “estão botando os tais postes”. Uns postes enormes, não sei quantos metros alcançavam, e o lampadário ficava lá em cima.
Beyla: Está lá ainda.
Prescilla: Estão aí, até hoje. Isso devia ser no final dos anos 50, começo dos 60.
Beyla: Eu sei que quando a gente ia na Parada de 7 de setembro, saia aqui da praia do Flamengo, a gente ia com o pai, via aqueles dragões da independência, cada cavalo imenso, lindo, maravilhoso e tinha a mureta com as pedras e a água, não tinha areia.
Prescilla: Não, não tinha areia.
Alexandra: Mas agora o aterro, o desenho da Lota de Macedo Soares e os jardins do Burle Marx já deveria ser nos anos 70.
Prescilla: 70?
Beyla: Acho que não. Em 70 ou final dos anos 60, começaram a ampliação da av. Atlântica. Que a av. Atlântica era uma via de mão e contramão. Eram duas pistas, uma que ia e outra que vinha. Você lembra?
Alexandra: Eu lembro disso.
Beyla: Aí eles ampliaram. Tinha aquelas montanhas...
Prescilla: Você chegou aqui em 77.
Beyla: Então foi anos 70 que eles ampliaram.
Alexandra: Não sei se já foi ampliado no Leblon, já deveria ter sido.
Prescilla: Leblon não me lembro.
Beyla: Tinha montanhas de areia na beira da pista, na beira da calçada, porque a areia não era tão extensa. Era uma faixa menor de areia, a água vinha até mais perto.
Partial Transcript: Alexandra: Sim. Você sabe que eles começaram na Urca, porque a Urca é um aterro. O Pão de Açúcar era uma ilha e tinha lá a praia da Saudade que virou o Iate Clube, então a praia vinha até a av. Pasteur. Eles criaram uma ponte que agora é a av. Portugal, era uma passagem, uma ponte que ia até o Forte, aí eles tinham aquela primeira rua que eles criaram no Rio de Janeiro, dizem que av. São Sebastião lá em cima e o resto é aterro. E eles até pegaram o morro do Castelo, quando eles derrubaram o morro do Castelo, o entulho foi para a Urca. Isso é a história que eu sei.
Beyla: Agora me diz, que povo derruba um morro?
Prescilla: O prefeito que fez isso, era pai do meu chefe na Panair do Brasil, do presidente da Panair do Brasil, era o prefeito Carlos Sampaio, pai do dr. Paulo Sampaio.
Beyla: So?
Prescilla: Nada, curiosidade.
Beyla: Ideia de jerico, derrubar o morro pra que?
Prescilla: Para aterrar, usar a terra para formar outras coisas. Havia um plano, um projeto de desenvolvimento da cidade, e era feito por um arquiteto francês o plano.
Alexandra: Nos anos 20?
Prescilla: Não me lembro quando foi, mas o plano de derrubar o morro de Santo Antônio, era o morro de Santo Antônio...
Beyla: Morro do Castelo, não existe mais.
Prescilla: Morro do Castelo.
Alexandra: Tinha um morro de Santo Antônio também?
Prescilla: Tem também, o morro de Santo Antônio existe hoje, porque tem uma igreja de Santo Antônio no Largo da Carioca, ainda tem aquele morrinho. É o morro do Castelo, ela tem razão. Derrubaram e a terra foi usada para criar novos espaços no Rio de Janeiro. Então, perfeitamente, pode ter sido a Urca e não sei se outros lugares também.
Partial Transcript: Alexandra: Essas coisas começaram na Urca e espalharam, a gente pensou que com o Instituto que também seria assim, a gente iria começar na Urca e ver se a história não espalhasse. E, no entanto, a gente está buscando também uma parceria com o Benjamin Constant e com outras organizações para fazer centros de memória, história do Instituto também.
Beyla: Museu da Imagem do Som?
Alexandra: Não é na Urca. CPDOC também não é na Urca, têm vários que trabalham com isso, mas...
Prescilla: Essa história das palavras cruzadas, eu nem saberia como começar.
Alexandra: Então, o que eu descobri que tem vários sites online que fazem automaticamente, que você faz, aí você coloca uma palavra e depois você coloca o (?) e eles desenham, mas a parte de pesquisa e o trabalho acaba sendo criando os (?) e as palavras. Então eu fiz um baseado num artigo que saiu no Globo, acho que foi na Veja sobre a Baía de Guanabara e tinha várias coisas que as pessoas geralmente não sabiam sobre a baía, aí foi e peguei essas; mas tá bom, eu estou (?), eu fui apropriando e fiz um quebra-cabeça baseado nisso. Eu pensei tão legal, uma coisa tão curiosa e que seria divertido, é uma maneira lúdica de comunicar a história.
Prescilla: E essas palavras cruzadas seriam o que, formariam uma revista?
Alexandra: Eu pensei em colocar no nosso site por enquanto, mas poderia ser alguma coisa que a gente mandasse com panfleto, talvez várias das histórias escritas a gente poderia colocar junto com umas palavras cruzadas, seria alguma coisa. Se coubesse fazer vários aí daria, por enquanto eu pensei só dois, um da baía e um da Urca. Talvez acabe sendo mais do que isso.
Prescilla: Por exemplo, na Urca, pode fazer sobre o Cassino da Urca.
Alexandra: Sobre o cassino, sobre as várias estrelas que atuavam lá.
Beyla: Se o aterro faz parte da Baía de Guanabara, também o Museu de Arte Moderna, têm vários temas.
Alexandra: Em sequência teriam vários temas. Eles vão abrir agora um novo museu sobre o Burle Marx, também no aterro. Vão colocar dentro do museu que era da Carmen Miranda que eles tiraram de lá.
Prescilla: Morro da Viúva.
Beyla: A gente está aqui, a praia do Flamengo está aqui em frente, a rua do Catete está aqui atrás, então para lá é Botafogo eventualmente, para lá é o centro da cidade, só para te localizar.
Partial Transcript: Alexandra: Esse ano eu vim para um bloco que começava no Largo do Machado e eu acho que descia a sua rua.
Beyla: Não, é na Machado de Assis, quase em frente ao Largo do Machado.
Alexandra: O bloco é chamado Mulheres Rodadas e uma amiga de uma amiga começou, ela é feminista e ela queria fazer alguma coisa que brincava com essa noção de mulheres rodadas. Uma outra amiga sai com um grupo chamado As Trepadeiras, e elas se vestem como as trepadeiras, é muito engraçado.
Prescilla: É, porque é duplo sentido, né?
Alexandra: Claro. Saímos com as Mulheres Rodadas, entramos no Machado de Assis, de repente o bloco parou, eles começaram a gritar: “água, água”, e todo mundo veio para a janela e jogavam água em cima, foi uma delícia, até com mangueira.
Prescilla: Aqui também na Machado de Assis que é aqui atrás, passa um bloco que se forma num restaurante que tem no final da Senador Vergueiro, passam pela rua do Catete, entram na Machado de Assis, chama-se o bloco do Cachorro Cansado.
Alexandra: E tem cachorro?
Prescilla: Não, têm eles, véspera de carnaval tem reuniões...
Beyla: O bloco do Cachorro Cansado esse ano...
Prescilla: É muito antigo.
Beyla: É uma multidão que você não acredita. Eles impediram a passagem de carros, ônibus na Marques de Abrantes, tinha milhares de pessoas, lotado, a rua de ponta a ponta, de prédio a prédio, lotado de gente.
Prescilla: O escritório do bloco é o restaurante Planalto, na esquina da Machado...
Beyla: Planalto ou Devassa?
Prescilla: Planalto. Então vai chegando perto do carnaval, eles começam a vender camisetas e outros produtos para o pessoal levar para o bloco, chapeuzinho, máscara, sei lá. Tem uma espécie de... não é lojinha, uma barraquinha que eles montam ali na frente do restaurante. Esse bloco do Cachorro Cansado já é muito antigo.
Alexandra: E das Mulheres Rodadas é novinho, acho que foi o segundo ano, mas foi bom, divertido.
Beyla: No carnaval não chego nem na janela, se pudesse fechava a janela, barulho, não gosto. Nunca, nunca senti vontade de carnaval.
Partial Transcript: Prescilla: Vamos tomar um cafezinho? Ou quer um chá?
Alexandra: O que você prefere? Eu tomo qualquer coisa.
Prescilla: Café que eu não tomo há muito tempo.
Beyla: Você vai dormir?
Prescilla: Que horas são?
Alexandra: São 4 e meia.
Prescilla: Tomo, tomando agora durmo.
Alexandra: Posso ajudar?
Prescilla: Não, Beyla vai fazer o café.
Alexandra: Você quer uma ajuda Beyla?
Beyla: Obrigada. Enquanto vocês tomam café eu vou comer minha pizzinha. Eu não te ofereço porque é com pão.
Alexandra: Não vou comer a pizza, mas muito obrigada.
Prescilla: Ela que faz, ela faz com pão.
Beyla: É uma fatia de pão com queijo mozarela, tomate e orégano.
Alexandra: Desculpe, eu não trouxe bolo que você pode comer.
Beyla: Não... é o meu jantar.
Prescilla: O que é isso?
Alexandra: Uma caneta da Ford Foundation, você tem uma?
Prescilla: Não.
Alexandra: Guarda essa. Eu não sei como apareceu aqui, eu roubei de algum lugar.
Partial Transcript: Prescilla: Você tem algum exemplar, um exemplo dessas palavras cruzadas aí com você?
Alexandra: Não, eu vou ter que mandar para você, porque na verdade, eu fiz num site que desenhou tudo, só que aí
desapareceu a imagem. Estou achando que é uma coisa que você tem que pagar para poder guardar, não sei porque desapareceu. Então vou ter que fazer de novo. O que eu posso te mandar, não tem a mesma graça, mas só as perguntas que eu usei. Deixa eu fazer de novo que não vai demorar muito.
Prescilla: Porque aí tem que ver o desenho do quadrado ou qualquer outra coisa. Eu parei um pouco com essa mania das palavras cruzadas, porque eu fico aqui vendo televisão com a Beyla e não posso fazer as duas coisas ao mesmo tempo, mas eu tinha montanhas. A Sonia tem sempre com ela, pelo menos uns quatro ou cinco cadernos de palavras cruzadas na bolsa. Ela faz no ônibus quando ela vem para cá, quando desce de Teresópolis. Olha a cantoria dos... Quando ela desce de ônibus, ela vem e volta de ônibus, ela vai fazendo palavras cruzadas. Quando vai para algum lugar que tem que esperar, ela tira um caderno de palavras cruzadas e faz. Tem mania também.
Alexandra: Você estava fazendo em quantos línguas? Em francês, espanhol, português, inglês.
Prescilla: É, eu tentei fazer. Isso é uma coisa que desenvolve o conhecimento da língua.
Alexandra: Outra coisa que eu notei é que não existe aqui no Brasil puzzles para adultos. Até que existe, mas é complicado encontrar um que é lindo. Pensei que seria bonito também fazer um puzzle, quebra-cabeça mesmo.
Prescilla: Beyla tinha mania de quebra-cabeça.
Alexandra: Eu comprei um para meu pai no dia dos pais, nós três ficamos viciados.
Prescilla: A Sonia tem mania também. Ela levou todos que ela tinha e Rafael também lá para Teresópolis. Às vezes ela arma e deixa ficar na mesa.
Beyla: Você toma café forte ou fraco, com açúcar ou sem?
Alexandra: Pode ser sem açúcar, normal, como você faz... como Prescilla gosta.
Prescilla: Deixa eu servir o docinho então.
Alexandra: Posso ajudar com alguma coisa?
Prescilla: Não, você é visita. Você quer vir na cozinha, venha.
Alexandra: Vou.
Prescilla: Então vem.
Partial Transcript: Prescilla: Antes de você nascer Beyla...
Beyla: Mas é verdade, não é mentira, não. Guilherme morava aqui na Silveira Martins, ele também ia a praia do Flamengo e ele conta isso. Você entrava na água, tinha aquela coisa, e você fugia daquele cocô ali e o cocô te seguia, era nojento (risos), acho que ainda é nojento, eu nunca entraria nessa água.
Prescilla: Mas não foi sempre assim. Eu me lembro, a praia do Flamengo, final dos anos 30.
Beyla: Mãe, a praia do Flamengo não tinha areia.
Prescilla: Deixa eu terminar de falar. A praia do Flamengo era uma mureta, como tem a Urca, e pedras.
Alexandra: Como tem a Urca.
Beyla: Como tem a Urca, exatamente.
Prescilla: Mas as famílias iam, frequentavam a praia do Flamengo, tinha um salva-vidas particular, um velho turco, chamado Felipe, ele alugava boiais, e as pessoas entravam na água com boia. Eu era criança, eu tinha chegado de São Paulo com 12 anos de idade, comecei a frequentar a praia, eu não sabia nadar. A minha mãe combinou com esse Felipe pra ele me ensinar a nadar, foi ele quem me ensinou a nadar. E água do Flamengo era limpa. A gente ia até um ponto em que ele tivesse pé, eu não tinha, mas ele estava me segurando, e ele me ensinou a nadar na praia do Flamengo.
Alexandra: Lindo.
Prescilla: Nos anos 30.
Alexandra: Então era transparente.
Prescilla: Era água limpa.
Beyla: Mas naquele tempo o esgoto saia ali, não né?
Prescilla: Não sei, isso eu nunca cheguei a saber, eu sei que as famílias todas frequentavam a praia do Flamengo. Tinha uma escadinha para os dois lados, desciam para cá, desciam para lá e se acomodavam nas pedras. Forravam as pedras com panos, com toalhas, enfim, para não machucar, e ninguém sentia falta de areia ali. E a água que chegava até as pedras era rasinha, era uma água rasa que as crianças podiam entrar. Então, quando começava o mar, tinha areia, depois então vinham as pedras.
Partial Transcript: Alexandra: E você via baleia, se lembra de baleia?
Prescilla: Não, nunca.
Beyla: Eu me lembro de uma baleia que encalhou quando eu era criança, uma baleia que encalhou acho que lá perto da cidade, a gente foi ver essa baleia. Não me lembro quantos anos eu tinha, eu era criança.
Prescilla: Não tenho lembrança. Beyla tem memória melhor do que a minha, eu não tenho lembrança de baleia não.
Beyla: Não me lembro quantos anos eu tinha, mas tinha uma baleia encalhada, imenso, um negócio enorme, monstruoso, e nós fomos ver.
Alexandra: Na cidade?
Beyla: No final da praia do Flamengo, lá perto da cidade.
Alexandra: Da marinha da Glória.
Beyla: É, por ali.
Prescilla: Onde seria o Museu de Arte Moderna.
Beyla: Não, não sei se era tão longe assim, não tinha o aterro, era uma coisa mais para o lado de lá.
Alexandra: Mas deve existir fotos. Isso seria que ano mais ou menos? Você não sabe...
Beyla: Não lembro, eu era criança.
Partial Transcript: Alexandra: Você levava as meninas então para praia do Flamengo...
Beyla: Não, ela era criança.
Alexandra: Eu sei, mas você não frequentava a praia quando criança, com os pais?
Beyla: Não, com os pais a gente ia no Leme, Copacabana e tal. Quando eu comecei a ir sozinha, as vezes eu não tinha companhia para ir para Copacabana, eu não queria ou era mais perto aqui, aí eu ia aqui só na areia.
Alexandra: Não entrava na água?
Beyla: Só na areia, ia cedinho, voltava cedinho para casa, nunca entrei nessa água.
Alexandra: E nunca foi para a praia da Urca?
Beyla: Não, não.
Prescilla: A Sonia é que é fã do bairro da Urca. Se você quer entrevistar alguém, entrevista a Sonia.
Beyla: A Sonia não tem a ver com a Baía da Guanabara.
Prescilla: Não tem nada a ver, mas ela tem com a fixação que ela tem com o bairro da Urca.
Alexandra: Ela tem afinidade com a Urca, é, tem.
Prescilla: Quando eles estavam morando aqui ainda, de vez em quando se pegavam indo a pé até a Urca e praia Vermelha, são os dois lugares.
Beyla: Não para a praia, só para passear.
Prescilla: Só para passear. Acho que o Rafael foi à praia Vermelha, frequentou a praia Vermelha.
Alexandra: E vocês saiam de barco?
Beyla: Eu saí de barco uma vez com a Felícia e seu Stefano, o vizinho de uma grande amiga minha. O pai dela ainda era vivo nessa época, ele era muito amigo do H. Stern e o H. Stern tinha um barco. Uma vez foi passear de barco, a Felícia me carregou junto, nós passamos o dia no barco. Foi a única vez que me lembro. Não era veleiro, era uma lancha, um iate.
Alexandra: Imagino. E saíram do Iate ou da Marinha?
Prescilla: Era o senhor H. Stern, ele podia. Eu só me lembro de ter passeado de barco em Paraty.
Beyla: Ah, espera aí que eu vou te mostrar uma coisa...
Alexandra: Está ótimo. Mas é basicamente isso o projeto, falando da baía, falando da Urca.
Prescilla: Interessantíssimo.
Alexandra: Gostou?
Prescilla: Gostei, muito interessante.
Alexandra: Eu tenho um projeto que eu queria a sua ajuda. Eu estou querendo fazer, se você tem paciência para isso e gostaria, fazer uma palavra cruzadas sobre a Baía de Guanabara. Eu comecei, aí eu estou pesquisando as perguntas, mas como você é expert nas palavras cruzadas, eu pensei que eu poderia passar para você, ver se você consegue fazer, se você gosta.
Prescilla: Nunca me passou pela cabeça.
Beyla: De que?
Alexandra: De fazer palavras cruzadas sobre a baía e sobre a Urca. Porque seria uma coisa lúdica que passaria alguns estados...
Beyla: Olha o barco que a gente alugava. Barquinho a remo com motor.
Alexandra: Aonde?
Beyla: Lá na lagoa de... sabe quando você está indo para Jacarepaguá, você sai do túnel, vira à direita, Itanhangá, tem aquela lagoa ali, lá.
Alexandra: Eu fui pescar lá uma vez quando eu era pequenininha.
Beyla: É? A gente ia pescar, só que eu ficava aflita e a gente jogava o peixe para a água de novo, não ia comer aquilo.
Alexandra: Claro.
Prescilla: Nunca vi essa foto.
Beyla: Guilherme e Alexandre estão aqui atrás, eu que tirei a foto.