Mauro César Rodrigues Pereira

Almirante Mauro César Rodrigues Pereira. Foi ministro da Marinha do Brasil, de 1 de janeiro de 1995 a 1 de janeiro de 1999. Falando em memórias, Almirante Cesár Mauro faz um passeio pelas memórias de morar na Praia Vermelha no bairro da Urca.

Citação: Pereira, Mauro César Rodrigues. Entrevista de história oral conduzida pelo Forman, Alexandra Joy e di Leo, Octavio 2018.29.05, Água!nabara, Território:Urca; Instituto Urca. Online. Urca, Rio de Janeiro, RJ, Brasil.

Áudio

Duração: 00:03:00

Transcrição

Mauro César: Nós estávamos começando a falar sobre memórias que ficam na cabeça. E eu disse que muita coisa hoje em dia já não me lembro mais, de coisas recentes, mas há certos fatos da vida que eu não sei porque razão, ficam marcados na minha cabeça, inclusive esse que eu digo que possivelmente é verdadeiro, eu tinha menos de um ano de idade, eu me lembro de estar deitado numa cesta, feita para botar criança, olhando uma casa que tinha uma escadaria de ferro e eu não sabia o que era aquilo. Algum dia, mais tarde, eu vejo uma fotografia de família e aí tinha uma casa onde meus pais moraram em Itajubá — Minas Gerais, onde minha irmã nasceu, e que efetivamente eu andei por lá. Significa que possivelmente essa imagem que ficou guardada é verdadeira, embora não possa dizer o que era porque não tinha a menor noção das coisas. E aí foi seguindo ao longo da vida, me lembro que depois com nove anos em Itajubá nós fomos morar na Vila Militar, em Deodoro, era uma casa interessante, em frente era um matagal, hoje em dia está tudo construído, não se encontra mais aqui, e eu como menino brincava por ali, com os colegas, nas tantas memórias que ficaram gravadas. Mas como no dia que apareceram uns garotos que moravam possivelmente numa favela, não sei exatamente aonde, naquela época não iam chamar de favela, e trouxeram um cachorrinho muito interessante e eu pedi para o (fosso). Uma vez seguinte, que eles apareceram, que eu queria ver aquele cachorrinho, e eles disseram, só se você me der uma coisa em troca. E eu tinha um carrinho que havia ganho no Natal, não me lembro, ele disse: “eu quero aquele caminhãozinho, se nós trocarmos eu trago a cachorrinha”. Nós trocamos, só que ele não trouxe cachorrinha coisa nenhuma e eu perdi meu caminhãozinho. (risos) E outras coisas mais. Agora, por exemplo, estou às voltas com um relógio cuco, que eu comprei em 1956 na minha viagem de Guarda Marinha e que funciona até hoje graças a este relojoeiro que aqui está. Eu estava mexendo nele e me lembro que nessa época lá na Vila Militar um oficial que morava perto, era vizinho, e tinha um relógio desses, e era uma coisa fantástica para a criançada, ir lá ver o cuco sair da gaiola e cantar. E ele ficava com pena de nós irmos lá, às vezes, chegávamos lá e faltava pelo menos meia-hora para o cuco sair, ele ficava com pena e adiantava o relógio para nós vermos o cuco cantar. E por aí vão, várias outras memórias dessas ficaram na minha cabeça. E do seu bairro atual, a Urca, me lembro bem, o meu pai era um Oficial do Exército, como já disse, foi fazer o curso do Estado-Maior aqui na Praia Vermelha, naquele edifício que hoje existe, não existia, eles alugavam apartamentos nas proximidades, o nosso foi na Urca, nós fomos morar lá e eu gostava muito de ver o mar, ver a Baía de Guanabara, ver as pedras que tinham em volta do quebra-mar, em torno do bairro, e ali também havia muito uma baratinha que servia de isca para pesca, e eu estava louco para fazer aquilo. Um dia eu desapareci de casa, quando eu voltei, tranquilo, com o caniço na mão, “onde você andou?”, “pescando”, tinha oito anos de idade (risos).

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